Minas Gerais

INTOLERÂNCIA

Representantes de terreiro denunciam possível tentativa de envenenamento em evento em BH

Advogado diz que caso se enquadra na lei anti-terrorismo

Belo Horizonte (MG) | Brasil de Fato MG | |
Envenenamento aconteceu durante Egbè - Natália Andrade/Brasil de Fato MG

De acordo com os organizadores da terceira edição do ÈGBÉ - Encontro Nacional da Cultura de Povos de Matriz Africana, que aconteceu entre os dias 13 e 16 deste mês, um pai de santo que participava da atividade sofreu tentativa de envenenamento. 

Jonathas de Xangô, que saiu do estado do Maranhão para participar do encontro, teria bebido um líquido, que aparentemente seria água, e percebeu que o material tinha odor semelhante ao de água sanitária. Apesar de ter algumas leves lesões, ele não teve maiores complicações. 

Os participantes estavam hospedados no Sesc Venda e o fato teria acontecido na primeira noite da atividade. 

Os responsáveis pelo evento, que foi coordenado pelo Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro-Brasileiro (Cenarab), recolheram todas as garrafas e orientaram aos presentes a não ingerir nada que estivesse nos chalés, onde as delegações estavam alojadas. 

Ao analisarem os recipientes recolhidos, foram encontradas quatro garrafas com o mesmo conteúdo, em pelo menos dois chalés. A organização afirma que elas eram da mesma marca utilizada pelo Sesc e que os quartos não possuíam sinal de arrombamento ou violação. 

Na ocasião, Pai Ricardo de Moura, membro da Reunião Umbandista Mineira (RUM) e diretor do Cenarab, afirmou  querer “acreditar que foi uma fatalidade”. 

“Graças a Exu e a Zambi, não houve o pior. Informamos ao Sesc, pedindo providência. Fizemos um boletim de ocorrência e estamos aguardando um posicionamento oficial”, declarou. 

Advogado denuncia atentado

Porém, segundo o  advogado do Cenarab, Hédio Silva, o ocorrido aponta para um atentado. De acordo com ele, a Polícia Civil esteve no local, realizou perícia, recolheu as águas dos chalés para análise laboratorial, e tudo leva a crer que foi um atentado planejado por alguém que tem acesso à rotina do hotel. 

“A legislação sobre os crimes de terrorismo caracteriza esse tipo de atentado como atentado terrorista. Não há suspeita de alguém ou de um grupo específico, mas sabe-se que foi planejado, que sabiam que o pessoal do estaria ali naqueles quartos. Há segmentos na sociedade que tratam as religiões de matriz africana como inimigos a serem eliminados. Então, certamente a linha de investigação vai considerar esses fatos”, explica o advogado. 

O outro lado


Procurado pelo Brasil de Fato MG, o Sesc Venda Nova não respondeu até a publicação desta reportagem. Caso entrem em contato, a matéria será atualizada. 
 

Edição: Ana Carolina Vasconcelos