Minas Gerais

HOMENAGEM

Carolina Maria de Jesus e Lélia Gonzalez são imortalizadas em Belo Horizonte

Intelectuais negras ganham estátuas no Parque Municipal

Belo Horizonte (MG) | Brasil de Fato MG |
Estátuas foram inauguradas no último domingo - Jozeli Rosa/Instagram

O Circuito Literário do Parque Municipal de Belo Horizonte ganhou reforços de peso. Carolina Maria de Jesus e Lélia Gonzalez, intelectuais mineiras, tiveram suas estátuas em tamanho real inauguradas no último domingo (30). Elas são as primeiras mulheres negras representadas no circuito, que até então só contava com homens e com a poetisa Henriqueta Lisboa. 

A presença das escritoras foi idealizada pela jornalista e doutoranda em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Etiene Martins, e pela presidenta do Psol da capital mineira, Jozeli Rosa. A inauguração também contou com o apoio da deputada estadual Bela Gonçalves (Psol). 

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Os monumentos acompanham informações sobre o trabalho das intelectuais homenageadas, como forma de reconhecimento da importância da intelectualidade negra para o município e para toda a sociedade. 

Rubens Luis Rufino, filho de Lélia Gonzalez, ressaltou que a estátua vai ajudar a disseminar a memória e a obra de sua mãe.

“Estamos muito orgulhosos e honrados em ver que Belo Horizonte, a cidade natal de minha mãe, está fazendo esta homenagem tão importante para a história de Minas Gerais e do Brasil. É muito importante que seja do conhecimento de crianças – e de toda a população – que as mulheres negras são as protagonistas da construção deste país”, destacou ao portal da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH)

Legado

Lélia e Carolina têm trajetórias distintas, mas que se cruzam. Lélia é reconhecida por seu trabalho acadêmico, sendo referencia para os estudos do feminismo negro, cofundadora do Instituto de Pesquisas das Culturas Negras do Rio de Janeiro (IPCN-RJ) e do Movimento Negro Unificado (MNU). Seus trabalhos, que tratam de raça, gênero e classe, são amplamente utilizados por pesquisadores de todo o mundo. 

Carolina teve pouco acesso à educação formal, que é retratado na linguagem e nos cenários de suas obras. Seu livro mais conhecido, “Quarto de Despejo”, conta sua rotina como catadora de papel vivendo em uma favela de São Paulo. A obra foi publicada em mais de 40 países e Carolina se tornou referência para diversas outras autoras. 

A filha de Carolina Maria de Jesus, Vera Eunice de Jesus, faz questão de lembrar que mesmo tendo passado a maior parte de sua vida fora da capital mineira, Carolina nunca abandonou suas raízes.

“Fiquei muito comovida com a homenagem à minha mãe, instalada em um lugar de tanto destaque na cidade. E o que mais me emociona é que Carolina sempre se orgulhou de ser mineira, e agora volta para Minas Gerais de uma forma muito bonita. Se ela estivesse viva, tenho certeza que ficaria muito feliz”, contou ao portal da PBH. 

Também fazem parte do Circuito Literário as estátuas de  Henriqueta Lisboa, Carlos Drummond de Andrade, Pedro Nava, Roberto Drummond e Murilo Rubião, além da obra “O Encontro Marcado”, que reúne Otto Lara Rezende, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Hélio Pellegrino. As estátuas podem ser visitadas todos os dias, no Parque Municipal, que fica no Centro de Belo Horizonte. A entrada é gratuita. 
 

Edição: Ana Carolina Vasconcelos