Minas Gerais

PROPOSTAS

Como os candidatos à Prefeitura de BH pensam nos idosos e na juventude? Especialistas analisam

Disputa eleitoral destaca dois importantes e vulneráveis grupos presentes de forma considerável na população

Belo Horizonte (MG) | Brasil de Fato MG |
Tema aparece com frequência em alguns programas de governo - Foto: Divulgação

Mesmo distantes no que se refere à faixa etária, a juventude e a população idosa de Belo Horizonte enfrentam desafios recorrentes que envolvem, principalmente, a falta de políticas públicas e o acesso a direitos. 

Nas eleições municipais de 2024, o tema aparece com frequência em alguns programas de governo. Assim como fez com a mobilidade urbana, a saúde, a educação e o meio ambiente, o Brasil de Fato MG entrevistou especialistas para avaliar as propostas dos candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) para esses dois grandes segmentos da população da capital mineira. 

São eles: Rogério Correia (PT), Duda Salabert (PDT), Mauro Tramonte (Republicanos),  Carlos Viana (Podemos), Bruno Engler (PL), Fuad Noman (PSD), Gabriel Azevedo (MDB), Wanderson Rocha (PSTU), Lourdes Francisco (PCO) e Indira Xavier (UP).

A juventude

Segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022, o número total de jovens na cidade era de cerca de 479 mil pessoas, o que representa 20,69% da população total da cidade. Para o órgão, a juventude é compreendida entre 15 e 29 anos de idade. 

Camila Moraes, diretora da União Nacional dos Estudantes (UNE) e militante do Levante Popular da Juventude, aponta que é importante fazer o exercício de segmentar, separar e visualizar as propostas de candidaturas progressistas e as que estão vinculadas a um projeto político, econômico e social de favorecimento das elites econômicas da cidade. 

“Em candidaturas de esquerda, a gente vê uma potencialidade, que é o entendimento da juventude, do jovem, da jovem de Belo Horizonte, como um sujeito de direito, que tem o direito de acessar educação, saúde, esporte, lazer, cultura, renda, trabalho, mas também um sujeito que é protagonista da construção de políticas públicas para a juventude”, afirma. 

Enquanto as candidaturas de Rogério Correia, Duda Salabert, Wanderson Rocha e Gabriel Azevedo dedicam partes significativas de seus projetos à juventude, as outras dedicam pequenos espaços. 

“Tem um problema muito fundamental, que é entender o sujeito jovem como um sujeito única e exclusivamente a ser preparado para o mercado de trabalho. Então, nas candidaturas de direita não aparece as dimensões da cultura, da saúde e da educação, por exemplo, a não ser para qualificação da mão de obra de trabalho”, defende. 

Projeto popular 

Entre as diversas propostas, Rogério quer fortalecer a estrutura e o assessoramento do Conselho Municipal de Juventude, com interlocução com demais conselhos de direitos; Duda pretende obter insumos, a partir da realização da Vlll Conferência Municipal de Juventudes, para fortalecer mecanismos de participação social; Wanderson promete o transporte gratuito para toda juventude; e Gabriel pretende apoiar o empreendedorismo juvenil, por meio da criação de incubadoras e aceleradoras para jovens empreendedores. 

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“Acredito que a candidatura do Rogério Correia é a que melhor representa os anseios, os desejos e as necessidades da juventude de BH, primeiro pela própria robustez das propostas. A gente vê que existe uma intersecção de outros eixos do programa que também dialogam com os desafios da vida da juventude”, enfatiza. 

O que propõem os outros candidatos?

Mauro Tramonte menciona os jovens em ações, como a promoção de parcerias com o terceiro setor, visando a inclusão no mercado de trabalho de jovens que residem em áreas de vulnerabilidade social. 

Indira Xavier promete integrar atividades culturais em todas as escolas municipais, promovendo a educação cultural desde a infância e utilizando a arte como uma ferramenta para o desenvolvimento crítico e social dos jovens.

Carlos Viana pontua a implementação de um Programa de Proteção Social direcionado às vilas, comunidades, aglomerados e favelas, que deve ser espaço de orientação profissional e psicológica, bem como capacitação para jovens. Bruno Engler pretende ampliar a capacidade de atendimento dos programas que previnam as violências contra crianças e adolescentes.
Fuad Noman e Lourdes Francisco não mencionam a juventude em seus programas. 

População idosa

Os idosos, parcela da população compreendida pelo IBGE como pessoas com mais de 65 anos, são também parte significativa da cidade, representando 14,15% do total de belo-horizontinos. Mais de 320 mil pessoas nessa faixa etária vivem no município, segundo o instituto. 

“Quais são as necessidades dos idosos, os problemas que são mais frequentes? É preciso ter uma noção mínima das dimensões que o governo deve contemplar para uma faixa etária específica, com necessidades que vão ser biopsicossociais”, aponta o psicólogo Marcelo Arinos Drummond, professor de psicologia do desenvolvimento do adulto e do idoso.

Segundo ele, a população idosa da cidade é confrontada por questões de saúde, socioeconômicas, de mobilidade, segurança, alimentares, que, apesar de também serem problemas de todas as faixas etárias, aparece para os idosos com especificidades. 

Nos programas de governo, no entanto, um primeiro problema é que essa população é pouco mencionada. “Alguns candidatos detalham mais as propostas do que outros”, analisa Marcelo. 

Bruno Engler, por exemplo, aponta para o atendimento a grupos vulneráveis, com programas direcionados aos idosos. Carlos Viana fala sobre credenciamento de entidades de acolhimento a idosos. 

“Há muitos idosos vulneráveis, mas ele [Bruno Engler] não fala de outros elementos a não ser dessa vulnerabilidade. Tá correto, mas muito incompleto”, explica Marcelo. 

Mauro Tramonte promete melhorar o atendimento de saúde aos idosos em todas as regionais e promover ações no espaço urbano relacionadas a garantia de acessibilidade a pessoas com deficiência e idosos. 

Rogério Correia quer instituir o Programa de Transferência de Renda Municipal para famílias que requerem mais proteção social e cuidado, como pessoas idosas entre 60 e 64 anos que não contam com o Benefício de Prestação Continuada (BPC).

Já Duda Salabert planeja implementar o programa “BH, Cidade Amiga dos Idosos", em parceria com instituições nacionais e internacionais, para criar um ambiente urbano acessível e inclusivo para a população idosa. 

“É o objetivo da cidade trabalhar para dar às pessoas idosas mais oportunidade participar da vida cotidiana, de forma saudável, para viver sem medo de discriminação”, pontua. 

Enquanto Tramonte traz obviedades, Rogério consegue especificar melhor as suas ideias. 

E os outros candidatos?

Gabriel Azevedo tem a intenção de conectar espaços de idosos com espaços de cuidados de crianças, para promover a mistura geracional e a saúde mental; Indira Xavier promete ampliar e melhorar a política de assistência ao idoso; e Wanderson Rocha propõe a ampliação da política de saúde para os idosos. 

Fuad Noman e Lourdes Francisco não citam os idosos em seus programas de governo. 

Edição: Ana Carolina Vasconcelos