Há quase 20 anos a Neoenergia começou a operar na região de Salto da Divisa, no Vale do Jequitinhonha. Desde o início das obras, em 1999, a empresa vem violando sistematicamente os direitos dos atingidos. Os pescadores, lavadeiras, pedreiros, garimpeiros, extratores de pedras e areias, além de representantes da luta por moradia têm feito mobilizações constantes para garantir seus direitos.
No dia 28 de junho, a mesa de mediação de conflitos do Governo de MG esteve em reunião na Câmara de Vereadores em Salto da Divisa. Participaram mais de 100 atingidos, representantes do Movimento dos Atingidos por Barragens, o prefeito e Ibama. A Neoenergia não enviou nenhum representante, comprovando seu descaso.
Foram denunciadas inúmeras violações, como falta de informação e participação, perda de trabalho, problemas com esgoto, rachaduras nas casas próximas e mais distantes do barramento construído em Salto da Divisa. A empresa não propôs até hoje, um plano sério de reassentamento das famílias. Hoje, todo município de Salto da Divisa é atingido pela UHE Itapebi.
No dia 29 de junho, o Ibama fez vistorias em algumas casas e no esgoto, em conjunto com os atingidos, que têm a esperança de abertura no diálogo. Foi agendada uma reunião do órgão federal em Brasília, para o dia 13 de julho.
É urgente a aprovação da Política Estadual de Direito dos Atingidos por Barragens, para evitar violação e desrespeito aos atingidos. É preciso ainda que se construa o Plano de Desenvolvimento Regional junto com o povo atingido.
*Aline Ruas é da Coordenação Regional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)
Edição: ---