Abrir os jornais ou assistir ao noticiário esses dias não anda fácil. É possível variar entre matérias que abordam a agressão contra as mulheres, o desrespeito à comunidade LGBT, os índices de extermínio de jovens na periferia, o aumento do desemprego e da população em situação de rua, a intolerância religiosa, a discriminação dos grupos vulneráveis da sociedade, como indígenas e quilombolas, a morte na impunidade de torturadores da ditadura militar, e muito mais.
Além disso, nesta semana, completam-se dois anos do desabamento do Viaduto Guararapes, em BH, que causou a morte de duas pessoas, além de 23 feridas. Nas discussões entre a Prefeitura, a construtora Cowan e a projetista Consol, obviamente quem perdeu foi o povo da região Norte da cidade.
Ao contrário do que vinha ocorrendo antes do golpe, a mídia tenta em vão criar fatos positivos para iludir a população, mas as contas se acumulando em cima da mesa e os altos índices de violência urbana cumprem o papel de trazer para a realidade os pés e os corações dos telespectadores. Mas se enganam aqueles que acham que o povo brasileiro está conformado com as dificuldades da vida, agora crescendo em virtude do golpe de Estado.
O povo resiste e insiste. Adolescentes ocupam escolas municipais em vários lugares do país. Ciclistas fazem bicicletadas e se apropriam do espaço urbano. As ruas seguem ocupadas por manifestações feministas contra a cultura do estupro. Os indígenas também se mobilizam. A população LGBT está em intensa agenda de atividades, se preparando para a parada gay de BH, que ocorrerá no dia 17 de julho.
Camponeses e militantes do Movimento Sem Terra de todo o estado aceleram os últimos toques do Festival de Arte e Cultura da Reforma Agrária, que acontece de 20 a 24 de julho, em BH. Até o STJ deu uma bola dentro, suspendendo o acordo firmado entre governos e a Samarco devido à ausência de participação dos atingidos por aquele crime. As mobilizações contra o golpe pedindo o “Fora, Temer” acontecem em todo canto.
Em outras palavras, é história da carochinha esse papo de que o povo brasileiro é acomodado e não quer nada. Na verdade, um olhar atento pode capturar as muitas formas que o povo tem de dizer “não” a toda forma de opressão. O povo resiste e insiste em construir uma vida para melhor para cada um e para todos.
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