O Brasil é campeão mundial no uso dos agrotóxicos e um dos maiores produtores de alimentos transgênicos. Já há provas concretas dos males causados pelos agrotóxicos, tanto para quem o utiliza na plantação, quanto para quem o consome em alimentos contaminados.
Enquanto o mundo todo está debatendo uma vida com mais saúde, o que inclui uma alimentação saudável e livre de venenos, o presidente interino Michel Temer acaba de sancionar a lei n° 13.301/2016, que dispõe sobre medidas de controle do mosquito Aedes Aegypti.
Estas medidas incluem a incorporação de mecanismos de controle vetorial por meio de dispersão por aeronaves. Ou seja, além de comer comida com veneno, vamos tomar banho de veneno. Várias instituições ligadas ao tema da saúde, como Abrasco, Consea, Consems, Conass, Fiocruz, o próprio Ministério da Saúde e várias outras, se posicionaram contra a medida, mas a sede de lucro falou mais alto. A proposta veio justo do Sindicato de Aviação Agrícola (Sindag), coincidentemente no mesmo ano em que a venda de agrotóxicos recua 20%.
A pulverização aérea para controle de vetores, além de perigosa, é ineficaz. Anos e anos de aplicação de fumacê serviram apenas para selecionar os mosquitos mais fortes, forçando o aumento nas doses de veneno e a utilização de novos agrotóxicos. A pulverização aérea é perigosa porque atinge muitos outros alvos além do mosquito. E, justo por isso, é também ineficaz.
O agrotóxico será pulverizado diretamente sobre regiões habitadas, atingindo residências, escolas, creches, hospitais, lagos e lagoas, além de centrais de fornecimento de água para consumo humano.
Agroecologia é a saída
Ao mesmo tempo, milhares de agricultores pelo Brasil já adotam a agroecologia e produzem alimentos saudáveis com produtividade suficiente para alimentar a população. A Campanha Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, que reúne diversas organizações, luta por outro modelo de desenvolvimento agrário. Por uma agricultura que valoriza a agroecologia ao invés dos agrotóxicos e transgênicos, que acredita no campesinato e não no agronegócio, que considera a vida mais importante do que o lucro das empresas.
É por essas e outras que não é possível reconhecer esse governo, fruto de um golpe de Estado. É preciso lutar contra todas as medidas neoliberais, privatistas e elitistas deste governo, e isso inclui a luta incansável pela saúde coletiva do Brasil.
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