Minas Gerais

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Cidade também é prioridade

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É fundamental derrubar a direita nas urnas mais uma vez

A força da pauta nacional está deixando a eleição municipal correr solta em todo o país. Com a tarefa urgente de combater o golpe fascista que se desenha na cara da sociedade brasileira, com um programa de desmonte radical dos direitos sociais, as forças populares têm se concentrado no Fora Temer. A violência da situação justifica. No entanto, a apresentação de candidatos para as prefeituras por parte da direita, em convenções patéticas, tem se aproveitado disso para deixar de lado o debate político e se concentrar na enfadonha barganha de nomes e acordos menores. 
Além do Fora Temer, está na hora de começar a gritar Fora Aécio, Fora Alckmin, Fora Lacerda, Fora Paes e todo o bando de lideranças antipopulares e seus títeres mais cotados. É fundamental derrubar a direita nas urnas mais uma vez. E o alerta ganha ainda mais significação pela incapacidade das forças progressistas em mostrar poder de articulação para disputas fundamentais, como a recente eleição para presidência da Câmara. Saiu um réu e entrou um factoide.
O que ocorre no âmbito local tem peso no concerto maior da política. Aécio Neves, por exemplo, perdeu a eleição presidencial em Minas Gerais, estado que considerava seu curral particular. Ele nunca se esqueceu disso e parte de seu ressentimento redivivo e empenho em destruir o país tem raiz nessa derrota. Seu retorno como cabo eleitoral, com o apoio a João Leite para prefeitura da capital mineira, é sua chance de mostrar que ainda sobrevive na memória do eleitor. A derrota em Belo Horizonte seria uma demonstração tanto da consciência política dos mineiros como da comprovação do vencimento do prazo de validade do senador. Ele já era ruim antes de perder a eleição e se empenhou em se tornar ainda pior com a sanha iracunda do terceiro turno.
Belo Horizonte, entregue ao vazio da ação dos partidos populares, tem mostrado uma impressionante profusão de candidaturas reacionárias, com direito a conservadores saídos de corais carismáticos, brucutus do armamentismo e populistas históricos. Sem falar de falastrões esportivos, cartolas hooligans e empresários que se apresentam como técnicos puros enquanto tecem acertos impuros. A esquerda não saiu unida entre si e trocou a aliança popular, que seria o caminho natural, pelos acordos feitos por cima nas máquinas partidárias. Começou mal, mas dá para recuperar terreno frente a um cenário tão rastaquera.
De certa maneira, em todo o país, 2018 passou na frente de 2016. Os nomes soprados ao vento das especulações parecem mirar muito mais em seus patrocinadores que em projetos reais para as cidades. Não vai ser uma eleição para prefeito, mas um teste de popularidade para os caciques. O enfraquecimento do PT nesse confronto, vitaminado pela imprensa e pelo partidarismo do Judiciário, tem levado algumas lideranças a esconder a sigla e seus candidatos para evitar o foco em problemas que de resto todos conhecem. Fingir de morto nesse caso não é remédio, é o mais eficiente dos venenos. Uma forma de capitular pela denegação.
A esquerda não pode entrar nesse jogo onomástico e politicamente esvaziado que se tornou o cenário, como se eleição fosse decidida nos bastidores, sem a presença do eleitor, a partir de um cálculo de viabilidades e falsas alianças. E precisa combater essa distorção em duas frentes: mostrar capacidade de aliança entre as frentes progressistas (com o realismo de saber jogar com os dois turnos) e apresentar o melhor programa de governo. A escolha de prefeito não é questão menor no tabuleiro político e, em sua presença real e diária na vida do cidadão, talvez seja a mais importante.
Não é hora de esfriar a luta contra a ameaça do golpe. Fora Temer, até o fim e mesmo depois – com a postura decidida de desobediência civil a um governo ilegítimo. Mas é também momento de esquentar a disputa política nas cidades para que outra traulitada não se avizinhe como ameaça em poucos meses. Tem a hora de reagir e a hora de bater. Em alguns momentos é preciso dispor das duas forças ao mesmo tempo.

 

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