Mulheres que cumprem pena no Centro de Referência Para Gestantes, em Vespasiano, único presídio exclusivo para grávidas e lactantes do Brasil, querem contar suas histórias em livro. Na última quarta (25), aconteceu no Sindicato dos Jornalistas o lançamento do financiamento coletivo para a publicação de “Mães do Cárcere”. Ele já está finalizado e precisa da arrecadação para a impressão dos exemplares. O livro conta com fotografias e relatos de mães com diversas experiências de vida, mas que compartilham a realidade de serem afastadas de seus filhos após o período de amamentação.
O livro faz parte do Projeto Voz, conjunto de iniciativas de comunicação realizadas em unidades prisionais. Idealizado pelos jornalistas mineiros Natália Martino e Leo Drummond, o programa também tem como prioridade a confecção da revista “A Estrela”, produzida exclusivamente por detentos a partir de oficinas de jornalismo e de fotografia ministradas dentro das casas de detenção. A ideia, segundo Leo, é fornecer ferramentas para que pessoas esquecidas pela sociedade se façam ouvidas.
“Em 2014, criamos o projeto pensando em como a população carcerária sofre com as restrições à comunicação. Gostaríamos de fazer uma ponte entre esses dois mundos. Nas prisões, existem pessoas reclusas há tanto tempo que o contato com a tecnologia se torna também um contato com o mundo de fora”, conta.
Mães do Cárcere
O livro é resultado de um ano de convivência dos jornalistas com mães e filhos destinados a um dia se separar. São dez histórias que nos aproximam do cotidiano da prisão: mulheres que se casam, cuidam das crianças, despedem-se delas, fazem festa junina, enfrentam condenações. “Quisemos respeitar ao máximo a voz delas. Mostrar que quem está preso deve ser humanizado, que é uma pessoa que faz parte da família de alguém”, conta Leo. O apoio para financiamento da impressão pode ser feito até o dia 24 de dezembro, via Catarse (www.catarse.me/maesdocarcere).
A Estrela
A revista já está na segunda edição. A primeira foi desenvolvida na Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC) de Itaúna. Já a mais recente contou com o trabalho de homens da APAC de São João Del Rei, no Campo das Vertentes. Leo conta que nas duas unidades o cotidiano dos jornalistas profissionais foi recriado, com reunião de pauta, direcionamentos sobre as reportagens, entrevistas, etc. Um dos detentos, inclusive, chegou a ser o entrevistador do juiz que o condenou. As histórias estão resumidas em 32 páginas de textos e imagens, que só quem sabe o que é viver em cárcere pode contar.
Edição: ---