Vivemos tempos difíceis. Os ataques vêm por todos os lados e numa velocidade tão grande que chegam a dar tonteira. O projeto que se desenha para o Brasil neste momento é tenebroso: cortes em investimentos essenciais que afetarão as futuras gerações, entrega do patrimônio nacional para empresas estrangeiras, aumento da repressão, avanço de ideias conservadoras, do machismo, do racismo e de outras violências. O governo golpista de Michel Temer, em aliança com setores muito ricos da sociedade, mostrou a que veio em todas as áreas, basta ver a composição de seus ministérios.
Para tentar convencer a população dos imensos disparates que comete, se apoia-se no discurso de crise e de corrupção, construído com tempo, esmero e precisão pelos grandes meios de controle da informação. É uma teia complexa, poderosa, articulada, com muito dinheiro e poder.
Mas mesmo com todo esse aparato para tentar anestesiar a população e convencê-la de que está tudo bem, há resistência. Há resistência quando milhares de jovens ocupam suas escolas. Há resistência quando mulheres se juntam em todo o continente para denunciar o machismo que mata. Há resistência quando trabalhadores paralisam as atividades e fazem greves. Há resistência quando trabalhadores rurais levam seus produtos sem veneno para as cidades. Há resistência quando atingidos pela lama de uma mineradora bilionária se negam a aceitar calados indenizações injustas.
Convencimento e força
Os golpistas têm medo do diálogo. Têm medo do exemplo fértil que as pessoas em luta podem dar a todas as outras. E por isso apelam para o outro lado da moeda do poder: a força. Se não dá certo pelo convencimento, se ainda há aqueles que se rebelam mesmo com toda a propaganda, os truculentos donos do poder mandam suas polícias, juízes e cadeias.
É por isso que o grande sociólogo brasileiro Florestan Fernandes nos alertava: os ricos são intolerantes. E os ricos são aqueles que não dependem do próprio trabalho para viver. Eles não toleram repartir a riqueza, que é gerada por todos. Não toleram que as pessoas pobres – a imensa maioria – sejam sujeitos de direitos. Não toleram que discordem deles. Não toleram que todos sejam igualmente seres humanos, portadores de direitos e deveres iguais.
Mas Florestan também nos ensina: contra essa intolerância dos ricos, resta aos pobres a intransigência. É preciso seguir em resistência e é fundamental ser rígido na defesa dos direitos. Se é uma luta o que estamos vivendo, precisamos ser mais fortes e unidos do que o outro lado.
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