Faz um ano o crime da Samarco/Vale/BHP Billiton com o rompimento da barragem em Mariana. Dezenove pessoas morreram. Até agora ninguém foi preso. Quer maior afronta ao direito humano do que isto? A vida de dezenas de pessoas foi ceifada e tudo parece normal. Os prejuízos econômicos são incalculáveis: casas, lavouras, bens móveis, documentos pessoais, história, meios de sobrevivência, locais de expressão de fé, de convivência social, de cultura, tudo destruído. Uma bacia inteira, com 700 km de extensão, morta. Espécies, biodiversidade e um ecossistema destruído. Existe ainda um passivo incalculável, que ninguém consegue medir nem reparar, o lado emocional, a história das pessoas e sua convivência com o rio. O rio agora virou um perigo.
Temos que rever o modelo de desenvolvimento adotado. Exploração descontrolada dos recursos naturais, busca desenfreada pelo lucro, sem nenhuma preocupação com a vida, com pessoas, comunidades e com o meio ambiente, aliado ao relaxamento dos órgãos de fiscalização e controle vão continuar produzindo resultados assim. O que temos visto é pressão do poder econômico para mudar as regras nos procedimentos de licenciamento ambiental. Qual será o resultado disso? Não precisamos de nenhuma bola de cristal para prever.
Vamos continuar nossa luta pelo desenvolvimento sustentável, com respeito à vida e ao meio ambiente. Cobrando das empresas responsáveis pelo crime cometido, a reparação e mitigação dos danos. Que nenhuma pessoa fique sem seus direitos. E vamos intensificar nossa luta pela melhoria no novo Código da Mineração.
Padre João é deputado federal e presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara
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