A primeira ocupação de escola em Minas Gerais aconteceu em 6 de outubro, quando a Escola Estadual Milton Campos, de Belo Horizonte, foi ocupada por estudantes. Depois disso, o número chegou a 195 instituições de ensino tomadas pelos estudantes contra as medidas do governo na área da educação, em 9 de novembro.
As ocupações funcionam da seguinte forma: alunos se reúnem em assembleia e realizam uma votação para ocupar ou não o local. Se o “sim” for vitorioso, define-se uma data e horário para trazerem barracas e passarem a “morar” na escola. Daí em diante começam a realizar atividades culturais, debates educativos e cuidam da sua própria limpeza, alimentação e segurança. A maioria não impede a realização das aulas.
A estudante Daniela Moura, presidente do Grêmio do Estadual Central e integrante da União Colegial de Minas Gerais (UCMG) explica que a maioria das ocupações é iniciada por estudantes que não têm relação com movimentos ou partidos, apesar de essas organizações estarem participando ativamente. “Temos um movimento organizado e mobilizamos todas as regiões da cidade, mas muitas ocupações acontecem de forma espontânea”, diz.
Protestos e novas ocupações
Hoje, em Belo Horizonte, o número de escolas ocupadas cresce. De acordo com a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), em 9 de novembro eram 20 escolas ocupadas. Hoje, segundo levantamento da entidade, são cerca de 40 escolas. Ao contrário da capital, o interior do estado já inicia a desocupação das instituições e aposta em novas formas de manifestação, como protestos e atividades em espaços públicos.
“Os estudantes estão se preparando para uma nova fase. As ocupações são muito cansativas e precisamos pensar em nova vazão para o potencial dos secundaristas, como ações mais diretas”, defende Bruna Helena Fagundes, vice-presidenta da UBES. Para isso, estudantes de BH organizam um protesto em 25 de novembro, na Praça Sete, e no dia 29 de novembro vão a Brasília, no dia da votação em primeiro turno da PEC 55, a “PEC da morte”, no Senado.
Lutando pela educação
A estudante Júlia Louzada, do movimento Levante Popular da Juventude, lembra que as ocupações são contra as reformas do ensino pretendidas pelo governo não eleito de Michel Temer. “Ocupamos as escolas porque não queremos que a educação seja destruída, com a PEC 55, a reforma do ensino médio e o projeto Escola Sem Partido”, diz. Para ela, essas propostas diminuirão drasticamente os investimentos e produzirão uma educação fraca, sem aprendizado consistente.
Na UFSJ oficinas são constantes. Na foto, alunos aprendem novos pratos com chefes de cozinha | Foto: Ocupa UFSJ
Boas práticas (que não passam na TV)
Os estudantes que estão ocupando a Universidade Federal de São João del Rei (UFSJ) resolveram organizar um curso gratuito para estudantes às vésperas do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Durante uma semana, os universitários realizaram aulas desde a manhã até a noite para preparar os novos colegas.
Já em Divinópolis, na Escola Estadual Joaquim Nabuco, uma gincana realizada arrecadou 7 toneladas de alimentos. Os ocupantes auxiliaram na organização do evento, que envolveu 1200 estudantes e irá distribuir os mantimentos a 14 entidades filantrópicas.
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