Minas Gerais

VITÓRIA

Folia de Reis é reconhecida como patrimônio imaterial de Minas Gerais

A partir do reconhecimento, tradição ganha mais atenção e incentivo

Belo Horizonte |
Em Minas Gerais, esta é a primeira titulação de patrimônio imaterial de uma manifestação que abrange o estado inteiro
Em Minas Gerais, esta é a primeira titulação de patrimônio imaterial de uma manifestação que abrange o estado inteiro - Fora do Eixo

Com registro de existência há mais de 300 anos, a Folia de Reis foi reconhecida, no fim da última semana, como patrimônio imaterial do estado. O título é resultado de uma pesquisa de um ano e meio do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG), que catalogou 1.255 grupos de foliões. A estimativa é de 4 mil comunidades que mantêm a tradição viva em todas as regiões mineiras.

Em Minas, esta é a primeira titulação de patrimônio imaterial de uma manifestação que abrange o estado inteiro. As cidades com maior incidência da prática são Uberaba, no Triângulo, que tem 106 grupos cadastrados, e João Pinheiro, no noroeste do estado, com 34. 
De acordo com a presidenta do Iepha, Michele Arroyo, a partir desse reconhecimento podem ser iniciadas medidas para garantir a preservação e manutenção do costume, como a inclusão dos grupos em políticas públicas e custeio de instrumentos musicais e vestimentas típicas. “É uma vitória. Temos que incentivar a cultura popular, ela está viva e merece atenção”, avalia.

História 

Pela pesquisa, é possível afirmar que pelo menos desde o século 18 a festa já era difundida e passada de pai para filho. “Estima-se que a manifestação é de origem portuguesa e espanhola. Desde sempre ela teve esse caráter de socialização, de fazer a comunidade se conhecer e se integrar nas áreas rurais do interior”, acrescenta Michele.

O senhor Beatriz de Oliveira, mais conhecido como “Ti” Bia, é a prova viva disso. Ele tem 75 anos e desde os 15 participa do grupo de Folia de Reis da comunidade de Paraguai, no município de Porteirinha, região norte de Minas Gerais. Ele conheceu a tradição com o seu avô e agora ensina os cânticos ao seu neto, de 22 anos. Hoje, ele comemora o título de patrimônio imaterial. “A Folia é uma coisa que traz alegria não só pra mim, mas pra vida dos outros, faz o povo ficar satisfeito. E a felicidade é uma coisa que funciona não só de cá pra lá, ela só vai se também vier de volta”, comenta.

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