Minas Gerais

Editorial

Colhendo o que nossa elite plantou

É preciso um projeto popular para melhorar o país

Belo Horizonte |
Precisamos tirar Temer de uma presidência que ele não merece
Precisamos tirar Temer de uma presidência que ele não merece - Beto Barata / PR

É preciso compreender as medidas do governo golpista de Temer na perspectiva de quais interesses elas estão atendendo. Todas elas jogam o peso da crise econômica do país nas costas dos trabalhadores. Pare e pense: aumentaram o tempo de aposentaria para a casa dos 70 anos; pela primeira vez em 13 anos o salário mínimo teve aumento abaixo da inflação; congelaram os recursos para saúde, educação e políticas sociais por 20 anos; propõem reforma trabalhista que acaba com os direitos dos trabalhadores... A lista segue e é enorme.

Durante o primeiro e segundo mandato de Lula, e no primeiro mandato de Dilma Rousseff, o país viveu um momento de euforia. A economia cresceu, gerou empregos, o salário valorizou, aumentou o consumo, os empresários se beneficiaram. As políticas sociais resolveram problemas históricos, atendendo o interesse da classe trabalhadora, como tirar o país do mapa da fome. Mas, ao mesmo tempo, também foram beneficiados os empresários da educação, da construção civil e pesada, da indústria naval, do agronegócio, e os banqueiros, os que mais mandam em nossa economia. 

Enquanto a economia crescia e podia atender ricos e pobres, funcionou bem. Tanto é assim que esse projeto ganhou quatro eleições presidenciais seguidas. Mas por que a elite econômica do país e parte significativa do empresariado romperam com o projeto neodesenvolvimentista e apoiaram o impeachment? 

Com a crise, elite mostra a cara

A crise internacional do capitalismo em 2008, iniciada nos EUA, depois de uns anos atingiu o Brasil, diminuindo o crescimento econômico. O governo federal tomou várias medidas para manter a economia aquecida, valorizando o mercado interno, mas mesmo assim a margem de lucro dos capitalistas diminuiu. O cobertor ficou curto. Com um crescimento menor, a elite econômica, midiática e política, jogou o peso da crise nas costas dos trabalhadores. 

O que para população é direito conquistado (salário, décimo terceiro, férias, descanso semanal, jornada de 8 horas, etc) para o governo de Temer é “custo”. Interessa-lhes diminuir o “custo” com o trabalhador. Segundo eles, isso faz bem para economia. Obviamente não faz. Ao piorar as condições de vida da população, diminui-se também o consumo, as vagas de trabalho, piora a economia como um todo. 

O projeto deles tem os pés de barro, não se sustenta. Mas para vencermos e impormos um projeto popular, precisamos tirar Temer de uma presidência que ele não merece, eleições gerais para a presidência e para o Congresso em outubro. É preciso ainda uma Constituinte para fazer a reforma política.

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