Minas Gerais

DIFICULDADES

Belo Horizonte fica sem Teatro Alterosa em fevereiro

Classe artística lamenta mais uma perda para a cultura da cidade

Belo Horizonte |
Diretor teatral critica “falta de interesse das autoridades”
Diretor teatral critica “falta de interesse das autoridades” - Divulgação

“Belo Horizonte vai ficar mais triste”. É com essas palavras que o ator, diretor e produtor Pedro Paulo Cava define o fechamento do Teatro Alterosa. A notícia ainda não foi dada oficialmente, mas já é conhecida no meio artístico desde o fim do ano passado. Estima-se que o local, que funcionava desde 1993, encerrará as atividades em fevereiro, após a Campanha de Popularização do Teatro e da Dança.

O teatro enfrenta dificuldades com falta de patrocinadores, que se agravaram após o fim do contrato com a Petrobras. Desde então, funcionários lidam com uma série de demissões e problemas na infraestrutura do prédio.

O humorista mineiro Eraldo Fontiny, famoso em todo o Brasil pela personagem Lily e seu jargão “minha mãe deixa”, conta que recebeu a informação do fechamento com pesar. O ator se apresentou muitas vezes no palco do Alterosa e chama a atenção para a sua localização que, para ele, fazia com que a arte fosse mais democrática, por ser no Centro da capital. “A cultura não é valorizada em Belo Horizonte, é algo que classificaria como perecível. É a área que mais sofre quando acontece uma situação de crise”, ressalta o artista. 

Outros casos

Já Cava, que gerencia o Teatro da Cidade (também ameaçado), chama a atenção para a onda de fechamentos que atinge as casas de espetáculo de Belo Horizonte. Já se foram o Teatro da Praça, o Oi Futuro Klauss Vianna e o Teatro Casanova. Ele atribui o fenômeno à “falta de interesse das autoridades” em realizar ações que possam, além de incentivar a área, resguardar os imóveis para que não sejam alvo de especulação imobiliária. 

“Desde a sua criação, Belo Horizonte tem um foco muito grande em modernidade, mas é muito pouco comprometida com sua história”. Ele acredita que a cidade perde em capacidade de criação e não aproveita espaços de reunião de pessoas. Quanto à gestão cultural empregada no novo mandato que se inicia na Prefeitura de Belo Horizonte, ele classifica como “incógnita”. 

Quem também sofre com a perda do Alterosa é Beatriz Apocalypse, produtora do Giramundo Teatro de Bonecos, que afirma que a companhia está de luto. “Os grupos de BH têm muita força para lançar espaços alternativos, e com o incentivo que temos é só assim, com muita luta e coragem”, garante.

“Perda inestimável”

A Fundação Municipal de Cultura se manifestou por meio do presidente Leônidas José de Oliveira - que dirige a casa desde o governo de Marcio Lacerda (PSB) e permanece na gestão de Kalil (PHS). “O fechamento de um teatro com tanta envergadura e importância é uma perda inestimável, e reflete o imenso desafio que está posto para o setor cultural num momento de crise econômica. Aponta para a necessidade de se rediscutir os modelos de financiamento da cultura, os mecanismos de patrocínio, a sustentabilidade dos equipamentos e as alternativas possíveis num cenário de escassez de recursos”, declarou. A instituição, no entanto, não informou se existem alternativas para salvar o teatro, que é de iniciativa privada. 

Procurada, a Alterosa, empresa que gerencia a casa de espetáculos, não se pronunciou até o fechamento desta edição.

 

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