Ser ciclista em Belo Horizonte não é coisa fácil. A capital é uma cidade cuja estrutura para bicicletas é frágil e o trânsito parece não aceitar qualquer tipo de transporte não motorizado. Essas e outras afirmações podem ser comprovadas pelo relatório final da pesquisa “Descobrindo como #BH Pedala”, realizada pela Associação de Ciclistas Urbanos de Belo Horizonte (BH em Ciclo),
Lançado em dezembro do ano passado, o levantamento tem como objetivo obter informações sobre o perfil dos ciclistas e seus deslocamentos, sistematizar elementos sobre as ciclovias e saber das demandas de quem pedala na capital. “A pesquisa tem como propósito promover um inventário capaz de permitir a participação mais qualificada do cidadão na construção e na tomada de decisões do poder público”, explica Guilherme Francisco, integrante da BH em Ciclo.
Os dados foram coletados em uma plataforma on line entre os dias 18 de agosto e 18 de setembro. Foram contabilizados 601 participantes, 89% deles ciclistas, com um total de 22.155 informações. “Os resultados podem promover discussões sobre o atual modelo de mobilidade urbana adotado na cidade e, dessa maneira, enfatizar a importância dos transportes ativos em futuras intervenções”, diz trecho do relatório. Para ler na íntegra o documento, clique aqui.
Mobilidade urbana
Apesar de a maioria dos participantes que pedalam usar a bike como forma de lazer (77,1%), 63% usam a magrela como meio de transporte. De acordo com o relatório, é fundamental conectar o uso da bicicleta no contexto mais amplo da mobilidade urbana. Para Guilherme, a falta de investimentos no transporte público coletivo e no não motorizado é um incentivo para a população usar seus carros particulares.
“Tal fato não colabora em nada para a diminuição dos problemas relacionados à mobilidade urbana. Espera-se que uma política de incentivo ao transporte não motorizado se consolide de maneira efetiva e integrada aos demais modos de transporte, a fim de se alcançar níveis cada vez mais fiéis ao conceito de mobilidade urbana sustentável”, afirma.
Violência
Uma das perguntas feitas aos participantes buscou compreender quais os tipos de violência que os ciclistas sofrem quando estão pedalando. Apenas 25 pessoas, cerca de 5%, alegaram não ter sofrido algum tipo de violência. As demais afirmaram já ter passado por agressões verbais, ameaças, fechadas, cuspes, socos e portadas. Além disso, quase 20% das pessoas já sofreram cantadas, assovios e contato corporal sem autorização.
Prefeitura nova
Para Guilherme, ainda é cedo para discutir as ações ligadas à mobilidade urbana da atual gestão da Prefeitura de Belo Horizonte. No entanto, ele destaca que há um diálogo mais “harmonioso” e que o vice-prefeito Paulo Lamac (Rede) reforçou em três oportunidades as propostas firmadas em campanha.
Entre as promessas, estão um maior diálogo com a população interessada no tema e a implementação de vias com tratamento preferencial para circulação de bicicletas, que deverá ultrapassar os 360 km de extensão até o ano de 2020.
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