O futebol não é só um jogo. Em BH, um campeonato entre comunidades fez do esporte uma oportunidade de gerar protagonismo popular e solidariedade, mostrando que as favelas não são só aquilo que tradicionalmente se vê na TV. É a Taça das Favelas de Minas, projeto organizado pela Central Única das Favelas – Cufa, que se encontra em sua primeira edição no estado.
“A Taça é uma oportunidade de fazermos nossas favelas se tornarem protagonistas. Reunimos a juventude de dezenas de comunidades em um só projeto de grande visibilidade, no qual o jovem passa a entender a luta pelo seu território e valorizar a localidade e os amigos com os quais se relaciona no cotidiano”, aponta Francislei Henrique, presidente nacional da Cufa.
O foco do projeto não é o simples engajamento no futebol profissional, mas trabalhar o esporte como estilo de vida e elemento de bem estar. “A partir daí outras coisas podem acontecer, mas essa não é a principal expectativa”, afirma. Além dos jogos, o projeto promove atividades de formação, com palestras, cursos, workshops e cadastros para primeiro emprego.
Jogos
Vindos de 32 comunidades, no início de janeiro, cerca de 100 mil jovens passaram pela peneira. Desses, foram selecionados 12800. A competição começou no dia 21 e vai até 5 de fevereiro, com partidas no campo do Aglomerado Santa Lúcia, região Centro-Sul da capital. São oito seleções femininas, com jogadoras a partir dos 14 anos, e 24 masculinas, na faixa etária de 14 a 17 anos.
As duas rodadas iniciais foram realizadas nos dias 21, 22, 28 e 29 de janeiro. As semifinais acontecem neste sábado (4), a partir das 11h, com jogos entre 4 seleções femininas e 4 masculinas. As finais serão realizadas no domingo (5), a partir das 13h45, junto à cerimônia de encerramento e premiação
Participação feminina
A educadora física Nathália Adelaide Moreira é treinadora da seleção de mulheres do Complexo Minas Caixa, na região de Venda Nova. “A Taça das Favelas é importante para nós pela representatividade, por dar visibilidade ao futebol feminino, ajudando a atrair patrocínios e investimentos”, comenta. Ela chegou à equipe há mais de quatro anos. “Por conhecer a maioria das jovens, tive vontade de representar a comunidade. A grande mídia às vezes só mostra o que há de ruim nas favelas, mas isso não é tudo”, destaca.
Nathália sublinha as dificuldades que as mulheres encontram no meio futebolístico, como a falta de reconhecimento dos grandes clubes, o desrespeito e a desconfiança com relação a seu trabalho. “O futebol ainda é um esporte muito masculinizado. Tem gente que acha que mulher não sabe de nada”, critica.
Histórico
A Taça das Favelas começou em 2012, no Rio de Janeiro, onde já se realiza a 6ª edição do torneio. De lá surgiram alguns atletas que estão inseridos no futebol profissional, como o lateral direito Erick Brendon, do América-RJ, e o volante Matheus Norton, do Fluminense. Hoje, a competição é internacionalmente conhecida e tem o apoio de grandes nomes do futebol, como Zico e Bebeto, e de outras áreas, como o rapper MV Bill, que participou da abertura dos jogos em Minas.
Saiba mais em: tacadasfavelasminas.com.br.
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