Minas Gerais

Questionamento

É preciso reaprender a perguntar

Ideias dominantes não são sinônimo de verdade

Belo Horizonte (MG) |
Em momentos como o atual – em que nosso país passa por um golpe – é crucial retomar o saudável hábito da dúvida
Em momentos como o atual – em que nosso país passa por um golpe – é crucial retomar o saudável hábito da dúvida - Reprodução

Em qualquer período da história sempre há algumas ideias que são as dominantes, ou seja, que pautam o senso comum e o entendimento das pessoas sobre os fatos e sobre o mundo.
Os pensamentos dominantes vão se reproduzindo e passando de geração a geração, de forma que se configuram como uma espécie de “bom senso”, como um padrão para se analisar as situações, quaisquer que sejam.
Funcionou assim durante os quase 300 anos de escravidão. Havia ideias que sustentavam a exploração insidiosa de milhares de seres humanos. Muita gente “de bem” não via nada de mais em ter escravos. Em comprar e vender pessoas! Funcionou assim no nazismo, em que milhares de pessoas foram convencidas de que eram melhores que outras, que uma diferença de raça, gênero, orientação sexual ou política precisaria ser punida com a morte. 
Mentir sobre o problema para mentir sobre a solução
Essas ideias, no entanto, foram construídas e não são sinônimos da verdade absoluta. Em momentos como o atual – em que nosso país passa por um golpe – é crucial retomar o saudável hábito da dúvida, do questionamento. Porque o que está em jogo não é apenas o prestígio de um partido x ou y, a carreira política ou a prisão desta ou daquela pessoa, mas o projeto para o Brasil e o futuro de todos nós.
Estão tentando convencer a população de que o novo governo – ou o próximo – colocará o “país nos trilhos”. Para isso, privatizam o patrimônio nacional, entregam nosso território e riquezas para outros países, acabam com direitos como o da aposentadoria, colocam em profundo risco a educação e saúde pública e por aí vai. É o desmonte total de um Estado que se pretendia democrático. 
Além disso, esculhambam todas as regras da Justiça e dos ordenamentos das instituições, torcendo todas as situações a seu favor. Para uns, é negado o direito até à dor. Para outros, nenhuma lei, nenhum dever, nenhum escrúpulo com o público.
É preciso não ter medo
Quem pensa diferente costuma ser perseguido, difamado, ridicularizado. E assim os portadores das ideias dominantes esperam sempre conter a mente e ação das pessoas. 
Mas é preciso não ter medo e ousar pensar. Quem disse que as coisas têm que ser desse jeito? Quem disse que é impossível fazer diferente? 
É ato de extrema coragem e ousadia não deixar de perguntar e de sonhar. Porque não é possível destruir quem tem a mente livre e constrói, na prática, um outro mundo mesmo dentro do atual.
 

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