A infecção de uma moradora de Lavras, no Sul de Minas Gerais, reacendeu o alerta contra a leishmaniose no estado. A menina de 13 anos teve seu diagnóstico decretado em 16 de janeiro, foi tratada e recebeu alta, porém, os números mostram que a prevenção não pode ser descuidada. Em 2015, Minas Gerais teve 40 óbitos e 418 casos da doença, sendo o estado com mais mortes no país.
A leishmaniose visceral era considerada, há décadas, uma doença que atingia áreas rurais. Porém, a transmissão vem se expandindo para áreas urbanas de médio e grande porte e se tornado uma preocupação para a saúde pública. Segundo o Ministério da Saúde, a doença está em “franca expansão geográfica”.
Em Minas, a endemia é mais presente na região central, onde se concentram 36% dos casos, segundo dados de 2016 fornecidos pela Secretaria Estadual de Saúde. A região norte teve a maior progressão. Em quatro anos, os casos de leishmaniose aumentaram 156%, chegando a 146 no último ano. O número geral do estado também aumentou, alcançando 497 pessoas.
Sintomas e tratamento
Em seres humanos, a transmissão da doença acontece por meio da picada da fêmea do Lutzomyia longipalpis, conhecido como “mosquito-palha”. O inseto tem cor amarelada, com antenas longas e asas grandes, revestidas de cerdas. Somente pelo mosquito é possível que seres humanos contraiam a leishmaniose. Os hospedeiros (seres humanos e cachorros) não transmitem a doença uns aos outros.
Os sintomas iniciais são febre prolongada, palidez e barriga inchada, pelo aumento do baço e do fígado. Se não for tratado, o quadro pode evoluir para emagrecimento progressivo, fraqueza, hemorragias e amarelamento de líquidos do corpo. Os próximos sintomas são infecção bacteriana ou sangramento. Quando não tratada, a leishmaniose leva à morte em 90% dos casos, de acordo com o Ministério da Saúde.
Tratamento
São três os centros especializados de tratamento em Minas Gerais, todos em Belo Horizonte. O Hospital das Clínicas (Avenida Professor Alfredo Balena, 110), o Hospital Estadual Eduardo de Menezes (Avenida Cristiano de Resende, 2.213) e o Centro de Pesquisas René Rachou (Avenida Augusto de Lima, 1.715). O procedimento padrão é que, identificados os sintomas, o paciente procure o Sistema Único de Saúde o mais rápido possível.
Combate de contaminação em caninos é a prevenção
Na área urbana, os cachorros são os principais hospedeiros da doença. De acordo com informações da Fundação Oswaldo Cruz, a contaminação em caninos tem acontecido em número pequeno e estável, e geralmente precede a contaminação em humanos. Em cães, os principais sinais são apatia, lesões de pele, queda de pelos - inicialmente ao redor dos olhos e orelhas, lacrimejamento e crescimento anormal das unhas.
A veterinária Fernanda Costa explica que, confirmado o diagnóstico, o protocolo indica o sacrifício do animal. “Não é um caso de eutanásia compulsória, como a febre aftosa. O proprietário tem que autorizar ou não o sacrifício”, diz. Tratamentos ainda são raros, afirma a veterinária, e desaconselhados pelo Ministério da Saúde, apesar de haver empresas trabalhando em medicamentos que conseguiriam negativar a presença do protozoário no animal.
Para ela, a melhor forma de combater a doença é a prevenção. Vacinas caninas ou produtos que previnem pulgas, carrapatos e picadas do mosquito são boas opções, assim como eliminar locais de proliferação do inseto.
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