De forma acessível e democrática, eles espalham conhecimento. Assim é possível resumir o trabalho de alguns youtubers de Minas Gerais que decidiram fazer diferente e transformar seus espaços na internet em ambientes de troca e utilidade pública.
A jovem Paloma Cipriano, de 23 anos e com um canal que já beira os 100 mil inscritos, conta que nunca teve a intenção de viralizar na rede. Ela, que produz vídeos com dicas de construção, chamou a atenção pela autonomia e destreza com que lidava com a obra da casa onde mora com sua mãe, na cidade de Sete Lagoas. Por não terem dinheiro para levantar a residência, foi Paloma quem aprendeu a colocar piso, subir parede, recortar cerâmica, aplicar rejunte e mais uma infinidade de coisas.
"Com muito custo nós conseguimos comprar o material, só que não podíamos arcar com a mão de obra. Com 16 anos fiz um curso de alvenaria e comecei a arrumar a casa", relata. O canal surgiu quando sua mãe resolveu gravar o que ela fazia. "Achei sem sentido, porque para mim era uma coisa super normal, que fazia desde pequena. Mas, de repente, meninas de todo canto começaram a me parabenizar, me mandar fotos do que elas haviam construído e eu vi que poderia dar certo", continua.
Um dos desejos da moça é que mais mulheres se interessem pelo seu trabalho, pois seu público ainda é 70% masculino. "Fico feliz de poder incentivar, mostrar que não existe 'coisa de menino' e mudar algumas mentalidades. Nem que as meninas aprendam a colocar um quadro sozinhas, sabe? Isso já é importante. Se elas forem mães, já vão ensinar para as filhas", diz.
Conheça: www.youtube.com/palomacipriano
Cotidiano de um homem trans
O canal de Lucca Najar, homem trans de Belo Horizonte, seguiu um caminho semelhante: sem muitas pretensões, agradou e cresceu. Em seus vídeos, Lucca trata do seu cotidiano e dos desdobramentos psicológicos e sociais de se entender na vida como uma pessoa trans. Ele decidiu criar a página após buscar, na internet, conteúdos que o esclarecessem e o ajudassem a enfrentar essa fase. Sem sucesso, viu que era hora de inovar. "Os canais que existiam falavam muito sobre as mudanças físicas, hormônios, mas não dessa transformação, que afinal sempre vem de dentro pra fora", explica. Com temas que vão de mercado de trabalho à matrícula na academia, Lucca também grava com a mãe e com a namorada, afim de tratar de forma simples e divertida uma realidade delicada.
Usar o site Youtube para politizar deu tão certo que os vídeos dele já estão sendo requisitados em escolas para educar alunos sobre a diversidade sexual. "A plataforma permite um novo formato de informação, difundida de forma leve, que muitas vezes agrada mais do que o texto. Lá tem tudo quanto é tipo de assunto, mas ainda existe a carência de alguns", analisa o jovem.
Conheça: www.youtube.com/luccanajar
Aula de história na rede
Democratização é também a palavra chave para o canal de Débora Aladim, uma jovem de 18 anos que cresceu na internet. Agora ela é estudante de História da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mas começou a gravar quando estava no ensino médio, aos 14 anos. Débora está quase atingindo os 500 mil inscritos, e além da faculdade, divide seu tempo dando aulas de monitoria em um cursinho pré-vestibular de BH.
“Teve muita gente que me agradeceu pela aprovação no vestibular, gente que diz que voltou para o ensino médio por incentivo do meu canal. Sempre quis que as pessoas perdessem esse medo de prova, esse tabu com a licenciatura. Tento falar de tudo de forma alegre", relata. Um exemplo disso é um vídeo onde Débora narra a história do século 20 focando apenas nos super-heróis dos quadrinhos, que já ultrapassa as 105 mil visualizações.
Conheça: www.youtube.com/deboraaladim
Edição: Joana Tavares