Minas Gerais

Pressão

Servidores de Uberlândia ocupam Câmara Municipal por salários atrasados

Os trabalhadores municipais estão sem receber o pagamento de dezembro e parte do décimo terceiro salário

Uberlândia (MG) |
“Dinheiro integral na conta é o que a gente quer”, diz servidora
“Dinheiro integral na conta é o que a gente quer”, diz servidora - Prisciele Melo

Depois de quase uma semana de greve, servidores públicos ocuparam a Câmara Municipal de Uberlândia, no Triângulo Mineiro. Eles exigem o pagamento integral do mês de dezembro, parte do décimo terceiro salário e vale-alimentação, que estaria atrasado desde junho de 2016. Os trabalhadores dizem que só deixarão o local após a prefeitura se posicionar “de forma nítida e transparente”, propondo uma solução sobre os pagamentos devidos.
Os servidores cobram dos vereadores que abram um canal de negociação com o Executivo, explica Ronaldo Ferreira, professor da rede municipal.  “Ao chegarmos aqui os senhores vereadores encerraram a sessão e se retiraram. Mediante a recusa deles em nos atender, em nos ouvir, decidimos ocupar essa casa, até porque essa casa é nossa, é a casa do povo”, explica.
Disputa entre gestões
O prefeito Odelmo Leão (PP) optou por efetuar o pagamento referente ao mês de janeiro e manter o de dezembro atrasado, alegando falta de verba deixada pelo antigo prefeito Gilmar Machado (PT). Já o ex-prefeito argumenta que deixou dinheiro em caixa para que o pagamento fosse efetuado. Em meio a essa disputa, quem sofre são os trabalhadores. Segundo apurou a reportagem, alguns tiveram água e luz cortadas, estão sofrendo ameaça de despejo e com dificuldades para comprar alimentos.
A servidora Sirley Soares de Moura relata as dificuldades encontradas pela falta de salário: “É impossível aguentar dois meses com R$ 900 e pagando aluguel, água, luz e energia. Então nós não podemos esperar e muito menos aceitar as propostas de receber parcelado em três, oito e até quarenta e oito vezes. Dinheiro integral na conta é o que a gente quer”, reforça.
Solidariedade 
No princípio da ocupação, que começou no dia 13, seguranças terceirizados tentaram impedir a entrada de alimentos, desligaram o ar-condicionado e fecharam a janela que servia de comunicação. Após muito diálogo entre as partes foi autorizada a entrada de alimentos e mantida a janela aberta para a comunicação entre os trabalhadores. Carolina Rabelo, também professora da rede municipal, destaca o apoio que os ocupados estão recebendo de servidores de diversas áreas: “nós não estamos passando maiores necessidades porque o pessoal lá fora se compadeceu, se solidarizou e veio ao nosso auxílio, trouxeram alimento, trouxeram água, trouxeram suco”, conta a servidora. 
“Mas a gente estaria bem mesmo se tivesse indo para o nosso trabalho e voltando para a nossa casa em segurança e sem nenhum tipo de transtorno. Então quanto antes a gente puder resolver isso melhor para nós e para eles” complementa.

Edição: Joana Tavares