No dia 31 de março, acompanhando atos em todo o Brasil, manifestantes da Ocupação do Glória, em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, fecharam por meia hora a BR 050, rodovia que beira a comunidade. A manifestação foi brutalmente reprimida pela Polícia Militar. Após a rápida desocupação da estrada, realizada à bala de borracha e bombas de efeito moral, sem espaço de negociação, a PM permaneceu por vários minutos atirando sobre as casas do assentamento vizinho.
Diversas residências foram danificadas e pessoas que sequer estavam na manifestação sofreram as consequências da ação truculenta. Além de três feridos com bala de borracha - dois no rosto e um idoso com mais de 60 anos - a reportagem entrevistou oito moradores vítimas das bombas de gás, dentro de suas residências, incluindo um cadeirante, uma jovem grávida e uma menina de menos de dois anos.
Ocupação Glória
Havia uma pressão para a desocupação da área onde está o assentamento Glória, ocupada desde 2012 e de propriedade da Universidade Federal de Uberlândia. Mais de 16 mil pessoas vivem no local, que passa por intensas disputas. Em fevereiro, a PM deu declarações de que estava com o efetivo pronto para efetuar o despejo das famílias.
O Major Julio Cesar Cerizze Cerazo de Oliveira chegou a declarar que havia perigo de “fatalidades” em caso de confronto, e que a polícia já havia feito uma previsão de cenário com 40 mortes. O reitor da UFU, no entanto, aposta em uma “solução pacífica” para resolver a questão, a partir da Medida Provisória 759, que facilita a regularização de ocupações urbanas consolidadas, como é o caso do Glória.
(*Dos Jornalistas Livres)
Edição: Joana Tavares