A greve do dia 28 de abril foi um grande sucesso. É muito difícil fazer uma greve, todos sabem. Tem o patrão que pressiona. Tem o medo de se perder o emprego. Tem a falta de costume e a pouca organização a partir do local de trabalho. Tem os meios de comunicação de massa que dizem que é errado, que quem faz greve é bagunceiro, que é coisa do partido x ou y. Tem os amigos que desacreditam da atitude e dizem que não leva a nada. Tem a multa aos sindicatos que resolveram bancar a paralisação de sua categoria.
Nada disso impediu que as mobilizações fossem gigantescas e que muitas categorias cruzassem os braços. A greve não foi televisionada. Apesar das milhares de centenas de pessoas nas ruas, e das mobilizações terem ocorrido em todo país, os meios de comunicação comerciais preferiram dizer que foi um “grupelho”, que foram protestos isolados.
Comprometidos com o empresariado e com o capital financeiro, os meios de comunicação preferiram entrevistar nas ruas só quem era contra o protesto. E pior, escolheram falar só do problema no transporte e dos incidentes de violência que ocorreram aqui e acolá. Não falaram dos objetivos e motivos pelos quais as pessoas se mobilizaram.
Mas os grandes meios não conseguem esconder - e também o governo federal sabe - que a greve foi vitoriosa. O motivo é simples. Contra toda propaganda a favor das reformas, com a injeção de muito dinheiro para rádios e TV´s defenderem o desmonte da Previdência, o povo não se iludiu. Sabe que seus direitos estão ameaçados, ao passo que não estão mexendo nos privilégios dos já endinheirados. Sabe que não estão combatendo a sonegação fiscal, esse sim, o maior rombo de que se tem notícia. E o povo sabe que a reforma trabalhista vem para jogar o peso da crise nas costas dos trabalhadores.
A reforma trabalhista é absurda, é uma excrescência. As mudanças alteram mais de 100 artigos da CLT. Propõem horário de almoço de meia hora, jornada de trabalho de até 12 horas, até 18 dias de trabalho sem descanso. Além disso, precariza a Justiça do Trabalho. Passa a valer o negociado entre patrão (detentor de poder econômico) e empregado (detentor apenas de sua força de trabalho) independente da CLT. Ou seja, o trabalhador ficará sujeito aos interesses de mais lucro dos patrões e se verá forçado a aceitar condições subumanas. As medidas são tão absurdas que permitem até que grávidas trabalhem em condições insalubres. Para o trabalhador rural, permite que seja remunerado com casa e comida. Como tem sido dito nas redes sociais, é a volta da escravidão.
Diante desse descalabro de um completo autoritarismo dos que ocupam o andar de cima da sociedade, não temos dúvidas, muitas outras greves virão.
Edição: Joana Tavares