Um absurdo e uma afronta ao povo brasileiro. Assim deve ser caracterizado o golpe em curso no país, orquestrado desde 2014 por parlamentares corruptos, por uma mídia concentrada, por setores do Ministério Público, da Polícia Federal e pelo Judiciário.
Michel Temer está cada vez mais encurralado, e seu governo segue em uma instabilidade crescente, desde a divulgação dos áudios em que ele é flagrado avalizando um dos donos da JBS à continuidade do pagamento da mesada para que o preso Eduardo Cunha continuasse em silêncio.
E Brasília ferveu na última quarta (24), quando 200 mil pessoas tomaram as ruas da capital para exigir a antecipação de eleições diretas. Em um ato de covardia, o presidente golpista convocou o Exército. Foram usadas bombas, gás, balas de borracha e armas letais contra os manifestantes.
Os golpistas têm mesmo motivo para ter medo, pois o ato demonstrou a capacidade de organização e unidade popular. As centrais sindicais, movimentos populares, as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo deixaram nítido que há força e disposição da classe trabalhadora para resistir e lutar contra as forças conservadoras.
Enquanto o povo apanhava do lado de fora, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), aproveitou para aprovar Medidas Provisórias sem os partidos de oposição. Os deputados do PT, PSOL, Rede, PDT, PCdoB e PMB se retiraram do Plenário em protesto contra o decreto que previa o emprego das Forças Armadas para coibir a manifestação. Apesar da revogação, realizada na quinta (25), o estrago já tinha sido feito.
A convocação de eleições diretas é a saída imediata para a redemocratização, para a derrota do golpe e para a superação da crise política. Qualquer governo eleito indiretamente será ilegítimo e dará continuidade às medidas que retiram direitos.
Programa popular
A luta pelas “diretas já” precisa ser combinada com a defesa de um programa alternativo. A Frente Brasil Popular divulgou um plano emergencial em que afirma a necessidade de implementação de um projeto de desenvolvimento, com fortalecimento da economia nacional, democratização da mídia, revogação das medidas impopulares aprovadas por Temer, fortalecimento do SUS e outras propostas que resolveriam os problemas sociais.
Não podemos vacilar. É necessário ampliar o horizonte e lutar por uma profunda mudança no sistema político brasileiro, o que será possível somente com a eleição de uma Assembleia Constituinte. O momento exige, mais do que nunca, unidade entre as forças progressistas e ânimo militante, pois, assim, o movimento, que ainda é de milhares, pode vir a se tornar de milhões, capaz de derrubar toda e qualquer força golpista, rumo a um Projeto Popular para o Brasil.
Edição: Joana Tavares