Manifestantes, amigos e colegas do Partido dos Trabalhadores (PT) prestaram solidariedade ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva antes, durante e depois da coletiva de imprensa desta quinta-feira (13), em São Paulo. No evento, Lula se pronunciou pela primeira vez sobre a sentença do juiz federal de primeira instância Sérgio Moro, referente ao "caso tríplex".
A Rua Silveira Martins, localizada na Sé, em frente à sede nacional do partido, começou a ser tomada à partir das 10h30. Com bandeiras e adesivos do PT, de centrais sindicais e de movimentos populares, os manifestantes gritaram palavras de ordem contra Sérgio Moro e em apoio ao petista.
Dora Lima, educadora ambiental
A educadora ambiental Dora Lima, de 62 anos, explicou por que saiu de casa para apoiar o ex-presidente. "Assim como Lula, eu estou motivada a todo momento a lutar pela democracia", afirmou a manifestante, que ressaltou a inocência do petista e a importância de se ocupar as ruas por direitos e contra as injustiças. "Eu vou morrer lutando pela igualdade social", completou.
Diante de jornalistas de vários países, os manifestantes aproveitaram para criticar a parcialidade da mídia brasileira. Segundo eles, o ex-presidente Lula é vítima de perseguição política por parte da imprensa e do Poder Judiciário.
Para a servidora pública Adelena Viera da Silva, de 60 anos, Moro "é um juiz que age com parcialidade e que preserva alguns investigados". "Ao longo de todo o processo, ele demonstrou que o alvo dele sempre foi o ex-presidente Lula", disse.
Adelena, funcionária pública
Do lado de dentro do prédio, o petista foi recebido por cerca de 30 colegas e militantes do partido, além do advogado Cristiano Zanin e do escritor Raduan Nassar, que permaneceu ao lado do ex-presidente durante toda a coletiva.
Questionado sobre a importância de prestar solidariedade a Lula em um momento tão difícil, o escritor limitou se a dizer: "É uma emoção muito especial".
Ausência de provas
Ao condenar o ex presidente sem apresentar provas, Moro argumentou que não expediu a custódia preventiva de Lula por "prudência"e para evitar "certos traumas".
O advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, argumenta que essa é mais uma demonstração de seletividade no processo da Lava Jato e que reflete a ausência de provas na condenação. Zanin aponta que os argumentos do magistrado de primeira instância refletem a perseguição ao petista.
"A prisão preventiva só pode ser decretada se estiverem presentes os requisitos legais. O juiz não tem que saber quem ele está julgando, tem que olhar os fatos. Esse parágrafo mostra que o juiz Sergio Moro não olhou os fatos, olhou o nome de quem estava na capa do processo", comentou Zanin, em conversa com o Brasil de Fato.
Zanin, que já declarou que a defesa de Lula irá recorrer da decisão, acrescentou que há mais de uma possibilidade, como o recurso que pode ser apresentado ao próprio Sergio Moro ou diretamente ao Tribunal Regional Federal da quarta região (TRF4).
Lula, durante pronunciamento feito na sede nacional do PT, em São Paulo
Também presente na coletiva de imprensa, o ex prefeito de São Paulo e ministro da Educação do segundo governo Lula, Fernando Haddad, defendeu que a condenação de Lula não pode ser entendida fora do contexto brasileiro mais amplo, como a recente aprovação da reforma trabalhista no plenário do Senado Federal.
"Precisou acontecer muita coisa para criarem um contexto em que um presidente da República, com o prestígio internacional que o Lula tem, é condenado em um processo onde a única base de condenação é o depoimento de alguém desesperado para reduzir sua sentença", declarou Haddad, referindo-se à delação premiada do ex-presidente da OAS Leo Pinheiro. "Um delator desesperado condenado a mais de vinte anos de prisão", caracterizou.
Pré-candidatura
O pronunciamento do ex-presidente passou "convicção e serenidade" aos 150 manifestantes que assistiam à transmissão em frente à sede do PT, conforme afirmou o auxiliar de almofarixado aposentado Jeremias das Neves, de 65 anos. "O mais importante é que nós saímos daqui sabendo que o Lula é candidato à presidente", disse o militante petista.
Jemerias e sua neta, Maria Eduarda
Jeremias mora na Penha, bairro da Zona Leste da capital da paulista, e decidiu ir até a sede do PT com a neta Maria Eduarda, de 11 anos: "Ela grudou em mim e gosta de ver todos os momentos políticos do Lula, da Dilma. Disse que queria me acompanhar. Não sei o que será do futuro dela, né?", disse, em referência à aprovação da reforma trabalhista e à proposta de reforma da Previdência.
Veja a íntegra do pronunciamento:
Edição: Vanessa Martina Silva
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