Recentemente, Mauro Santayana publicou um artigo em seu blog em que relata o martírio de um amigo na tentativa vã de abrir uma conta em uma agência do Banco do Brasil (BB).
O título do artigo é bastante sugestivo: “PROCUREM O CONCORRENTE, POR FAVOR!”.
Em uma estratégia que parece só atender aos interesses de seus competidores diretos, o BB, através de seus gestores encastelados no bunker do golpe, em Brasília, levam a efeito o desmonte da estrutura de atendimento com o suposto objetivo de imprimir eficiência e modernidade nas unidades de negócios daquele que já foi o maior banco do país.
A política de negócios no varejo e de recursos humanos, sendo ambas geridas pela mesma unidade estratégica do BB, trouxe como resultado, em tempo recorde, uma dramática modificação da imagem do Banco para clientes, funcionários e usuários em geral.
A impressão que se tem, ao visitarmos qualquer agência, é a de que é uma questão de tempo para que haja a extinção de diversos postos de trabalho, com o fechamento iminente de estruturas de atendimento com porta para a rua.
Em uma atitude suicida, o BB assume a vanguarda de um movimento no qual nenhum de seus concorrentes se aventurou com tamanha avidez. Tendo em vista a incerteza dos resultados da implementação - em larga escala - do atendimento digital como canal de atendimento preferencial sendo enfiado goela abaixo de clientes que, muitas vezes, apesar de conhecerem a existência de tais facilitadores, ainda preferem outras formas de atendimento.
O próprio Itaú, que assumiu o posto de maior banco do país em ativos com a ajuda de seus apaniguados instalados no governo central, modulou sua estratégia e refreou a instalação da estratégia do “digit@u”, após avaliar que os resultados não teriam sido aqueles esperados, com uma rejeição não mensurada anteriormente pelos “jênios” do marketing.
Esse posicionamento kamikaze do BB, em uma primeira avaliação, parece indicar o alinhamento com a ideologia ultraneoliberal assumida pelo atual governo ilegítimo e golpista, tendo como objetivo final a desvalorização da marca do BB e a facilitação para a entrega do controle acionário à banca privada, sonho antigo da direita entreguista e financista.
O movimento sindical, representando o interesse dos funcionários do Banco do Brasil, está acompanhando de perto o desenvolvimento das modificações de estrutura de atendimento no BB, colhendo informações e encaminhando as reclamações pertinentes.
O diálogo, infelizmente, não é o forte da atual gestão do Banco, que prefere servir de capataz da destruição da maior instituição financeira estatal da América Latina, implementando unilateralmente as mudanças engendradas, ao que parece, nos convescotes da Fenaban, trabalhando arduamente para destruir o conglomerado que deveria defender e fortalecer.
Tudo isso passando por cima da representação dos funcionários, ignorando interesses e necessidades daqueles que verdadeiramente importam: os bancários, que dão vida e sentido a essa instituição que está prestes a completar 210 anos a serviço da sociedade e da nação brasileira.
*Helberth Ávila de Souza é secretário de imprensa da Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro de Minas Gerais FETRAFI-MG/CUT
Edição: Joana Tavares