Em 2017, o Grito dos Excluídos completa 23 anos de nacionalização e tem como lema “Por direito e democracia, a luta é todo dia!”. O mote reflete o contexto atual do Brasil, de um golpe de Estado, caracterizado pela retirada de direitos e pela imposição de um programa impopular. Também reflete um período de mobilização, manifestações e luta.
O Grito acontece em várias cidades do país desde 1994 e é marcado como uma manifestação popular, construída a partir das organizações religiosas, pastorais sociais, movimentos populares, entidades sindicais e partidos políticos comprometidos com as causas dos sujeitos historicamente excluídos da sociedade. Mas foi Montes Claros, no norte de Minas Gerais, a pioneira das articulações e a primeira cidade a realizar o Grito dos Excluídos, em 1993.
A mobilização aconteceu após visitas às ocupações urbanas durante a Campanha da Fraternidade, que tinha como tema “Onde Moras?”. Irmã Marilda lembra que teve a ideia de fazer uma parada cívica, já que estava próximo ao dia 7 de setembro. Ela relata que, quando o pelotão entrou na avenida para o desfile oficial, as famílias organizadas, os jovens e todos os simpatizantes àquela causa tomaram as ruas, com cartazes que manifestavam a indignação da situação em que se encontravam os moradores das favelas de Montes Claros. No dia seguinte, os jornais locais narraram o fato.
A partir de então, o ato que antes era o “Clamor dos Sem Teto”, recebeu o nome de “Grito dos Excluídos” pela Equipe Diocesana de Pastoral. Esse primeiro protesto, realizado em Montes Claros no dia 7 de setembro de 1993, apenas com cartazes que denunciavam a usurpação política, culminou em uma deliberação da CNBB, que começou a organizá-lo no intuito de nacionalização a partir de 1994.
Edição: Joana Tavares