Quando um juiz apita o início de uma partida e 22 jogadores dão o melhor de suas habilidades técnicas e condicionamento físico para fazerem um gol, enquanto a torcida entoa os seus hinos, o som que ecoa no campo é um: a voz que prevalece no futebol é masculina. Mas isso não significa que nós estejamos caladas.
Em um grito abafado pelo machismo, que diz que nosso lugar não é no estádio, não estamos pedindo nada extraordinário. Queremos ser tratadas como de fato somos: torcedoras apaixonadas pelo nossos times, querendo que seu lugar no estádio - e fora dele - seja respeitado.
Estamos cansadas de ser tratadas como enfeites. Não somos objetos de decoração. Não somos corpos que estão ali para servir de manequim para a nova camisa do clube. Não escolhemos nosso clube com base na escolha de namorados.
Queremos usar shorts nos dias quentes e dispensar a preocupação ao sair do estádio sozinhas. Vamos juntas ao campo e queremos um ambiente livre de preconceito e assédio. Sonhamos poder falar que gostamos de futebol e não sermos questionadas sobre o que é um impedimento ou a escalação do nosso time, décadas antes de sequer termos nascido.
De um manifesto por um deslize machista na apresentação de um uniforme a um grupo de amizade e acolhimento que está sempre presente nos jogos, a Grupa reivindica que o espaço da mulher no estádio seja seguro e sem preconceitos.
Somos muitas. Somos professoras, jornalistas, advogadas, artistas. Mas acima de tudo, somos atleticanas. Estamos aqui e não vamos nos calar. E sabemos que o nosso grito juntas é mais forte, seja para dar as broncas necessárias ou apoiar o time que amamos como qualquer outro torcedor.
*Nina Rocha é integrante da Grupa
Edição: Wallace Oliveira