A segunda denúncia contra Michel Temer é ainda mais grave que a primeira. O ilegítimo que se acha no papel de presidente é acusado de formação de quadrilha, organização criminosa e obstrução da Justiça. Além de Temer, receberam a mesma acusação seus comparsas, os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral).
São fartas as provas documentais, além de inúmeras delações contra a quadrilha que conduziu um processo que culminou no golpe do impeachment sem provas. As pesquisas mostram que a sociedade clama por apuração e justiça. Diante de denúncias tão graves contra um presidente da República, não há melhor defesa que inventar outros assuntos para desviar o foco.
É o que temos assistido com tentativas de censura a obras de arte, exposições, intervenções artísticas, quadros e aos próprios artistas. Falsas alegações e associações mentirosas entre arte e pedofilia. Não há pedofilia nas exposições que estão sendo perseguidas. É sabido que a grandíssima maioria dos casos de pedofilia ocorrem em casa, e são praticados por conhecidos e familiares das vítimas. Não ocorrem em museus ou galerias.
Estratégias de manutenção no poder
Criam assuntos para fugir do que realmente interessa e garantem, por meio de acordos, cargos e dinheiro que, mais uma vez, a Câmara dos Deputados não autorize a abertura de investigação contra Temer. Desde a primeira acusação, em junho, os partidos da base aliada já fizeram 59 trocas na Comissão de Constituição de Justiça (CCJ), responsável pelo parecer a ser apreciado pelo plenário da Câmara.
A dança das cadeiras é estratégia do Palácio do Planalto para se manter no poder. Cada dia a mais como presidente é um dia a menos na cadeia. Para isso, vale tudo. O orçamento de 2018 é a prova cabal disso. O governo irá aumentar os gastos com o Supremo Tribunal Federal, com a Câmara dos Deputados, com o pagamento de juros para os rentistas, e reduzir com o investimento no Minha Casa Minha Vida, no Mais Médicos, no Bolsa Família e nas políticas sociais em geral.
Tudo leva a crer que Temer terá ampla maioria na votação na CCJ. O Planalto espera ter novamente 41 votos contra a abertura da investigação, e apenas 22 a favor da abertura do inquérito pelo STF. Os moralistas sem moral vão seguir levantando falsas polêmicas para desviar a atenção dos brasileiros. Não nos deixemos desviar da luta que realmente importa.
Edição: Joana Tavares