Um país que esquece no presente a sua história não tem em seu horizonte o futuro. A educação deve servir para libertar e não para conservar as coisas como estão.
Nesse sentido é uma injustiça o que querem fazer com Paulo Freire. Não se trata de tirar um título ou uma honraria, mas de não reconhecer este nordestino lindo e amoroso que colocou a educação como prioridade e criticidade não apenas para a sua vida, mas para todo o país e o mundo.
Paulo Freire foi aquele que tinha certeza que os adultos analfabetos, as crianças, as comunidades urbanas e rurais devem conhecer seus direitos e a educação é um instrumento de transformação não da articulação entre as palavras, mas da mudança da vida do povo oprimido. Aquela educação que não liberta também tem a intenção de manter os pobres mais pobres. Não há escola sem política, sem criticidade, sem partido.
É preciso uma educação para libertar e não para manter a ordem instituída.
Se tivéssemos um real entendimento e oportunidade sobre a sua contribuição enquanto educador, não deixaríamos estes golpistas, representantes do que é de mais perverso na sociedade burguesa nos tirar até mesmo a democracia.
Não vamos deixar que tirem nossa memória. Apoiar Paulo Freire é fortalecer o entendimento de que aprendemos no convívio entre nós e na relação com o mundo. Não há hierarquia nos saberes, há culturas diferentes e formas de ver o mundo. É preciso que essas diferentes formas contribuam com o sonho e a luta pela liberdade.
*Leonardo Koury é do Conselho Regional de Serviço Social CRESS-MG, professor e integrante da Frente Brasil Popular
Edição: Frederico Santana