Nos informamos sobre a loucura pelo que o mundo fala. BH e o mundo ignoram que nossa cidade é uma das poucas que vem desenvolvendo e implementando uma das mais eficientes políticas públicas na área da saúde mental do Brasil e do mundo.
A população da cidade desconhece que aqui o SUS oferece um caminho do cuidar, caso alguém sofra uma pequena crise ou mesmo um sofrimento mental agudo e prolongado. Também não se têm consciência de que BH é uma das referências no mundo em relação ao serviço substitutivo ao manicômio.
Este cuidar que a cidade vem concebendo, utiliza a arte como um dos melhores remédios para a saúde dos usuários. A permanente produção de peças artísticas tem sido uma artilharia visual e auditiva da delicada e firme narrativa da Luta Antimanicomial.
Há 20 anos, no 18 de maio, dia Nacional da Luta Antimanicomial, a colorida e amorosa Escola de Samba Liberdade Ainda Que Tam Tam, com seus milhares de foliãs e foliões antimanicomiais, transforma praças, ruas e avenidas de BH em passarela do samba, da liberdade e de lutas. As três belas e profundas Mostras de Arte Insensata foram a confirmação do que é vivenciado diariamente nos diversos serviços de saúde mental, nas ruas, nas praças e nos demais espaços da cidade. Ultimamente a Suricato se firmou como um importante toque de classe da cultura e da Luta Por Uma Sociedade Sem Manicômios.
Belo Horizonte se transformou em palco e trincheira desta maravilhosa e impactante revolução. É fundamental que os moradores da cidade tomem consciência da importância de BH nesta luta pela humanização da humanidade. É importante ampliar a articulada e consistente força-movimento que defende a Reforma Psiquiátrica contra possíveis retrocessos, como agora está acontecendo com a tentativa de fragmentação do serviço de saúde mental. Precisamos conversar com você sobre esse assunto. Todo este belo horizonte ao invés de iluminar o mundo está correndo risco. Um sério risco.
*José Guilherme Castro é produtor e militante cultural
Edição: Frederico Santana