Mesmo no período natalino, não há vida fácil para os trabalhadores e trabalhadoras no Brasil. Não existem possibilidades de recebermos nenhum presente, a não ser que seja um presente de grego.
Com as notícias da última semana, só podemos ter a certeza de que somente com muita luta a sociedade brasileira pode avançar na conquista ou mesmo na manutenção dos seus direitos. Duas questões reforçam isso.
A primeira vitória, parcial e ainda muito pequena, foi o adiamento da votação da reforma da Previdência. Mesmo após milhares de pessoas saírem às ruas o ano inteiro, a retirada da aposentadoria dos trabalhadores era o presente de grego com que o presidente golpista Michel Temer estava querendo nos agraciar. Mas a pressão popular e a greve de fome que militantes do Brasil inteiro estavam realizando, junto com o medo dos golpistas de não terem os votos necessários, fez a votação ser adiada para 2018. A grande vitória que isso representa somente será completa se a sociedade continuar a mobilização sobre os congressistas.
A segunda vitória para o povo mineiro em geral e para os trabalhadores do campo foi a prisão do assassino latifundiário Adriano Luedy Chafik, que foi mandante e executor confesso do Massacre de Felizburgo, onde cinco trabalhadores rurais foram assassinados a sangue frio, além de mais 11 que ficaram feridos. O bandido estava condenado e foragido da polícia e só foi preso graças à uma campanha popular pela sua captura. Esse era mais um caso de impunidade do latifúndio em terras mineiras, da mesma forma que está impune o latifundiário e escravagista Antero Mânica, mandante do assassinato de fiscais do Ministério do Trabalho, mortos em Unaí, no cumprimento de suas funções.
Enquanto ainda aguardamos que a justiça seja feita no caso de Unaí, uma questão tragicômica é o fato de que Adriano Chafik está em uma cela em presídio em São Joaquim de Bicas, vizinho do Acampamento Pátria Livre, onde 2500 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, lutam por melhores condições de vida.
São esses exemplos, juntamente com o conjunto de ações de retiradas de direitos realizado desde o golpe, que reforçam o que sempre afirmamos aqui, somente com organização popular e muita luta os trabalhadores e trabalhadoras terão seus direitos garantidos. Não há presentes para quem não luta.
Edição: Joana Tavares