No mundo, comemora-se a chegada de 2018. No Brasil, seguimos sem grandes motivos para celebrar. Somos mais de 205 milhões de brasileiros e de brasileiras, 11,8 milhões de analfabetos. Somos mais de 52 milhões de pessoas abaixo da linha de pobreza, um quarto da população.
A massa salarial e o consumo das famílias, ambas variáveis intimamente ligadas às condições do mercado de trabalho, respondem por cerca de 60% da receita bruta do governo central. Como o governo vem com uma reforma trabalhista que reduzirá a renda dos trabalhadores, teremos queda de arrecadação. Apenas 13,5 % dos impostos arrecadados vêm dos lucros. Sem falar no volume de renúncias fiscais, que é de aproximadamente R$ 285 bilhões. Contribuindo para a redução de receitas. Temos um sistema tributário injusto e regressivo.
A situação dos trabalhadores não está nada boa. Com o início da implantação da reforma trabalhista, aprovada pelo governo Temer, nós viveremos o uso indiscriminado de contratos de trabalho a prazo, uso de trabalho a tempo parcial, a terceirização, o trabalho intermitente, muito subemprego, a sobrequalificação da mão de obra e o ataque à representação sindical. A ONU fez um exame das políticas públicas do Brasil voltadas para os Direitos Humanos e criticou as reformas do governo Temer, alertando que o congelamento de gastos públicos é “incompatível” com os compromissos internacionais assumidos pelo país.
É assustador pensar que somos governados por grupos políticos altamente suspeitos de corrupção e cujo presidente tem tão somente 6% de apoio da população. Em suma, regredimos muito, temos um país socialmente doente, um Estado em estado terminal. Um judiciário que se politizou e que segue sem fazer justiça.
*Paulo Bretas é presidente do Conselho Regional de Economia de Minas Gerais
Edição: Joana Tavares