A doença do momento é a febre amarela. Com o aumento no número de casos da virose, um velho debate volta à tona: vacinar ou não vacinar?
A vacina é um método de prevenção de doenças infecciosas, aquelas causadas por microrganismos (principalmente vírus e bactérias). A primeira vacina foi desenvolvida em 1796, contra a varíola da vaca (palavra da qual deriva o termo “vacina”). De lá pra cá, a ciência aprimorou essa ferramenta, usada hoje na prevenção a diversas doenças.
As vacinas são produzidas a partir de microrganismos inativos ou atenuados que são introduzidos no organismo sadio. Esse contato gera uma resposta do sistema imune, que leva à produção de anticorpos. Se o organismo for realmente infectado, já possuirá uma defesa. Essa imunização pode ser para toda a vida ou por um tempo determinado, a depender da doença.
Diversas pesquisas atestam a eficácia da vacinação. Até o início do século 20, as pessoas morriam principalmente por doenças infecciosas. A vacina foi uma poderosa arma que contribuiu para que nossa expectativa de vida aumentasse e as infecções deixassem de ser a maior causa de mortes. Algumas doenças foram inclusive erradicadas, como é o caso da varíola e da poliomielite no Brasil.
Mas, desde seu surgimento, as vacinas provocam reação de críticos. O Brasil foi palco inclusive de uma revolta popular contra a vacinação obrigatória (a Revolta de 1904, no Rio de Janeiro). Há hoje até setores antivacina organizados em diversos países.
Um caso emblemático do mau uso da ciência pôs lenha nessa fogueira. Em 1998, Andrew Wakefield, um médico britânico, publicou um artigo em uma conceituada revista científica em que afirmava que a vacina tríplice causava autismo. Logo provou-se que sua pesquisa havia sido fraudada, a revista se retratou e o médico foi punido, o que não impediu que muitos acreditassem na história. Gerou até uma queda no número de vacinações. Depois, descobriu-se que Andrew queria era lançar sua própria vacina no mercado. Ou seja, tudo não passou de uma jogada comercial.
Temos o direito de desconfiar da indústria farmacêutica, que já deu provas ao longo da história que não é flor que se cheire. Porém, isso não deve nos levar a abandonar um dos maiores avanços da medicina. As vacinas são seguras e eficazes. Devemos sim nos vacinar e a nossos filhos/as, de acordo com as orientações dos órgãos sanitários competentes.
Um abraço e até a próxima!
*Renan Santos é professor de biologia da rede estadual de Minas Gerais
Edição: Joana Tavares