As mulheres mineiras já estão preparadas para o Dia Internacional de Luta das Mulheres, em 8 de março. A data tem se tornado cada vez mais forte no Brasil e tem trazido não só os temas próprios das mulheres, como o assédio e o aborto, mas também assuntos que atingem a população como um todo. Em Minas, mulheres da Frente Brasil Popular se preparam há dois meses para o dia.
Foram diversas reuniões e muito trabalho. São as mulheres que decidem e coordenam todos os setores do encontro: a alimentação, a segurança, os cuidados com saúde, os debates políticos, a divulgação, os ônibus que vêm das cidades do interior. A perspectiva é receber de 1.500 a 2 mil mulheres em 7 e 8 de março (quarta e quinta) em Belo Horizonte, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Para passar a noite, elas montam suas barracas em plena praça da ALMG.
“Isso é para preparar as mulheres para a luta pela democracia, soberania do país e autonomia”, explica Sonia Mara Maranho, do Movimento de Atingidos por Barragens (MAB) e uma das organizadoras do encontro. “Se nós não tivermos uma retomada da democracia no Brasil, estarão em jogo todos os direitos conquistados para as mulheres”, complementa.
Sonia dá o exemplo da reforma da Previdência que, se aprovada, deverá trazer mais danos às vidas das mulheres do que aos homens. Outro exemplo é o da soberania do país em relação à água, o que significa que os direitos e necessidades dos cidadãos brasileiros precisam ser maiores que o interesse de empresas.
Debates e muito axé na programação
O acampamento “Mulheres na Luta: por democracia, soberania e autonomia” começa no dia 7 de março, às 8h. No primeiro momento, as participantes são recebidas por matriarcas da cultura afro-brasileira do Grupo Axé. Após, acontece uma mesa de debate com Bernadete Esperança, da Marcha Mundial de Mulheres, e com Beatriz Cerqueira, presidenta da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
As mulheres usam a tarde do dia 7 para confeccionar faixas, bordados, estandartes e se prepararem para a marcha do dia seguinte. No cair da noite, um café com a Mesa de Tereza, e uma noite cultural com a sambista Aline Calixto, a cantora Bruna Gavito, o grupo Xicas da Silva, a rapper Stefanny Elias e outras artistas. Toda a programação é aberta e gratuita.
Crianças também são bem vindas
A organização se preocupa com as mulheres que já são mães. Para garantir a participação delas, irão montar a “Ciranda”, um tipo de creche provisória com voluntários, de preferência homens, coordenados por mulheres, que usam de brincadeiras para ensinar o que é o 8 de março. Espera-se receber 300 crianças.
Luta na rua
No Dia Internacional de Luta das Mulheres, 8 de março, o encontro é na Praça Sete, em BH. Mulheres saem em marcha de vários pontos da cidade e se encontram às 18h, em ato convocado pelas mulheres da Frente Brasil Popular, Frente Povo Sem Medo e outras organizações.
Adília Nogueira, do Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD), explica que a união das mulheres é uma resposta ao setor “golpista” que vem tirando direitos desde que provocaram o impeachment contra Dilma Rousseff. “Desde o início do golpe as forças conservadoras retiram direitos principalmente das mulheres trabalhadoras”, afirma. “Nós dizemos ‘não’ ao governo golpista do Michel Temer e vamos avançar juntas”, finaliza.
Edição: Joana Tavares