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Coluna | Por que só 3% dos Prêmios Nobel foram para mulheres?

A ciência já cansou de provar que mulheres e homens possuem igual capacidade intelectual

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |
Marie Curie foi a primeira cientista a ganhar o Prêmio Nobel
Marie Curie foi a primeira cientista a ganhar o Prêmio Nobel - Reprodução

É predominante em nossa machista sociedade a ideia de que mulheres e homens devem desempenhar papéis diferentes. Assim, aqueles de maior prestígio, que teoricamente necessitam de grandes habilidades físicas e intelectuais, costumam ser destinados aos homens.

E com a ciência não é diferente. Desde sua origem, ela é uma atividade bastante masculina. Pense em cinco grandes cientistas. Provavelmente você se lembrou só de homens. Mas, ao contrário do que o senso comum afirma, isso não se deve à menor inteligência das mulheres, e sim ao machismo. Por sinal, a ciência já cansou de provar que mulheres e homens possuem igual capacidade intelectual.

As mulheres foram historicamente excluídas e invisibilizadas do meio científico. No início, eram proibidas até de acessar as universidades. Após conquistar esse espaço, foram postas em funções de apoio, como auxiliares de homens. São inúmeros os casos de descobertas feitas por mulheres em que homens levaram os créditos.

Nas últimas décadas, esse cenário tem se alterado. Elas têm conquistado cada vez mais espaço e relevância na ciência. Porém, ainda estamos longe da ideal igualdade. Segundo a UNESCO, em 2017, 28% dos pesquisadores no mundo eram mulheres. E, até hoje, somente 3% dos Prêmios Nobel em ciência foram destinados a elas.

No Brasil, esse cenário é um pouco melhor. Somos um dos países com melhor proporção de mulheres cientistas. Desde 2010, elas são maioria por aqui. Porém, ainda precisamos superar outros limites. Por exemplo, elas ainda são minoria entre as agraciadas com bolsas, nos cargos de chefia e coordenação científica e acadêmica.

E ainda há diferenças entre os sexos por áreas do conhecimento. Elas são maioria nas ciências sociais e da saúde (relacionadas ao trabalho doméstico e de cuidados, vistos como femininos) e minoria nas engenharias e matemática (associadas ao trabalho produtivo, vistos como masculinos).

É inquietante saber que apenas em dezembro de 2017 foi assegurado por lei o direito à licença maternidade para bolsistas de pesquisa no Brasil. Como queremos que nossas jovens se dediquem à extensa carreira acadêmica se nem direitos básicos lhes são assegurados? É preciso reforçar iniciativas nesse sentido. Ações que garantam o acesso, a permanência e o reconhecimento das mulheres na ciência.

A cada ano, as mulheres usam o dia 8 de março para afirmar que lugar de mulher é onde ela quiser. Inclusive na ciência. Por isso, viva o 8 de março e viva a luta das mulheres!

Um abraço e até a próxima!

*Renan Santos é professor de biologia da rede estadual de Minas Gerais

Edição: Joana Tavares