Salve, salve, meu povo!
A contusão de Neymar, a cerca de 100 dias do início do mundial, gerou preocupação naqueles que acreditam que a conquista do Hexa passa necessariamente pela boa participação do atacante no torneio.
Os mais entusiasmados já trataram de associar esse período que Neymar ficará afastado dos gramados com o período em que Ronaldo Fenômeno também ficou longe da bola, voltando justamente para conduzir a Seleção na campanha do Penta em 2002. Logo, seria um bom sinal esse afastamento de Neymar.
Mas o que realmente chama atenção, ao pensarmos na trajetória destes dois atletas, é como eles representam duas épocas completamente distintas do futebol. Ronaldo foi um dos últimos ídolos brasileiros, antes do chamado futebol “gourmet”. Ele despontou no Cruzeiro em uma época em que, com algo equivalente a R$ 10, se poderia ir ao Mineirão, e a TV não tinha tanto poder sobre o futebol como tem na era do Pay-per-View.
Ronaldo não pôde se profissionalizar no Flamengo, pois não tinha dinheiro para pagar as passagens de ônibus para o Gávea. No futebol ultramoderno, em que brilha Neymar, essa situação é quase impensável.
Qualquer candidato a craque, aos 15 anos ou menos, já possui empresários que vivem especulando contratos com outros clubes do Brasil e até do exterior, dando a impressão de que esses garotos são craques, antes mesmo que se tornem profissionais. O próprio Neymar já recebia salário de profissional aos 16 anos de idade.
Muitos jornalistas e torcedores acusam Neymar de ser um jogador mimado, sem pensar que, mais do que uma característica individual do jogador, todo o mimo em torno dele talvez seja fruto de um futebol cada vez mais mercadológico e distante de suas tradições populares. O nosso futebol é cada vez menos moleque e mais mimado.
Edição: Wallace Oliveira