O desastre aconteceu às 7h42 da manhã de uma segunda-feira (12). Durante 25 minutos, vazaram mais de 300 toneladas de polpa de minério de ferro, contaminando o ribeirão Santo Antônio, no município de Santo Antônio do Grama, na Zona da Mata mineira. A Anglo American, empresa multinacional responsável pelo mineroduto - o maior do mundo - comunicou à Copasa, que interrompeu o fornecimento de água à população. O abastecimento só voltou na quarta (13). Mais de quatro mil pessoas ficaram sem água para beber, fazer comida, tomar banho, cuidar da criação e irrigar a horta.
A economia do município de pende do gado leiteiro e da agricultura familiar. “A horticultura ficou comprometida porque parou a irrigação e os produtores tiveram que prender o gado, pois não sabiam se a criação podia beber aquela água, que tinha muito minério”, conta o vereador Herculano Barbosa Amorim (Avante). O rejeito também atingiu a água que abastece o município de Rio Casca, a 18 km de Santo Antônio. De acordo com a Copasa, a qualidade da água não havia sido comprometida, mas está sendo monitorada.
Riscos
Essa é a terceira vez que um mineroduto rompe em Minas Gerais. Os outros dois incidentes ocorreram com equipamentos da Samarco (a mesma mineradora responsável pela barragem de rejeitos de Fundão, que rompeu em 2015), em Espera Feliz, também na Zona da Mata. “A tendência, a depender da cotação do preço do minério de ferro e da intensidade da exploração, é que as mineradoras usem o mineroduto da forma que for melhor a elas. As instalações vão ficando mais expostas a esse tipo de acidente”, alerta Luiz Paulo Guimarães, do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM).
A ruptura acontece no momento em que a Anglo busca ampliar o Projeto Minas Rio. “A obtenção da licença foi feita de forma arbitrária e sem escutar as recomendações do Ministério Público, sem participação popular e sem ouvir a comunidade. Agora, eles conseguiram concessão para expandir o projeto em Conceição do Mato Dentro. Isso vai exigir o aumento da barragem de rejeitos, em um volume sete vezes maior do que era a Barragem de Fundão, que rompeu em Mariana”, denuncia Luiz Paulo.
O MAM emitiu uma nota exigindo a suspensão da licença e paralisação das obras até que todos os problemas e impactos causados pelas etapas anteriores e pelo mineroduto sejam resolvidos; o reassentamento próximo à barragem, a revogação de decretos que favorecem os minerodutos em Minas e a proibição de novas instalações do tipo no estado
Edição: Joana Tavares