As forças golpistas e conservadoras que tiraram a presidenta Dilma Rousseff avançam em Minas Gerais. O estado possui uma direita ativa que atua para se projetar para as disputas nacionais. Essa direita, liderada pelo PSDB, governou Minas Gerais por muito tempo. Como reação contrária as políticas de choque de gestão e déficit zero, nasceu uma grande aliança das forças populares para romper com esse projeto. A candidatura e eleição para governador de Fernando Pimentel do PT, em aliança com o PMDB é resultado dessa resistência do povo mineiro.
Aécio Neves e Antônio Anastasia deixaram um estado falido. Junta-se a isso um cenário de crise internacional e de golpe em curso no âmbito nacional, com o desmonte do estado brasileiro. Governo federal e estadual passam a confrontar projetos.
Para se manter no governo, Fernando Pimentel estabelece amplas alianças com intuito de construir base na Assembleia Legislativa e na sociedade. Por um lado, essas alianças, medidas neoliberais no governo federal, crise econômica e cerco político, e por outro lado, a não aposta na mobilização popular para enfrentar a direita mineira, inviabilizam o avanço no atendimento das demandas populares por parte do governo estadual. Junte-se a isso que ainda no início do mandato, o atual vice-governador, Antônio Andrade, do PMDB, rompe com o governo indicando que as forças golpistas queriam o controle do estado.
A aceitação do pedido de impeachment pela Assembleia Legislativa na semana passada é mais um capítulo dessa disputa política. Alguns elementos influenciaram essa atitude. A oposição prevê uma derrota eleitoral no estado, tendo em vista a crise do PSDB e de Aécio Neves. Querem retomar o controle sobre o estado, buscando o rompimento do PMDB de Minas com o governo estadual.
A direita controla em âmbito nacional os meios de comunicação empresariais, o poder legislativo, o executivo nacional e grande parte do judiciário, querem também ter o domínio sobre um importante estado. Respondem, assim, ao fato de o governo do estado não ter se subordinado à imposição de ajuste do governo federal, que propunha ao estado congelamento de salários, demissão do funcionalismo e privatização de estatais, incluindo a Cemig.
As forças populares e democráticas necessitam barrar essa ofensiva golpista, sob risco de, se não o fizer, ver avançar a retirada de direitos, o sucateamento do Estado e a defesa de privilégios.
Edição: Joana Tavares