A Copa do Mundo começa na próxima quinta, dia 14, e, não sei se vocês perceberam, mas aquele “clima de Copa” não bateu até agora. Não tem bandeirinha verde e amarela tipo quadrilha nem rua pintada. Será que eu tô ficando ranzinza e quando eu era menino era muito mais divertido porque tinha cheiro de férias? Ou a graça se perdeu na velocidade e no cinismo dos nossos novos tempos? De todo modo, lá vamos nós para mais um Mundial e será divertido acompanhar a competição. Sempre é.
Em 1994, com meus 11 anos, esperei a Copa ansiosamente. Narrei sozinho emocionantes partidas de jogo de botão enquanto os dias passavam lentamente. Três fatos me marcaram profundamente naquele contexto futebolístico. Meses antes do Mundial, em abril, morreu Dener, o eterno 10 da Portuguesa, que se foi jovem demais, tinha só 23. No meu quarto, domingo à noite e TV ligada, chorei de soluçar ao ver Armando Nogueira falar sobre o menino que “morreu dormindo. Só assim mesmo: desperto, teria driblado o destino”.
Também foi pela TV que vi Barbosa tentando disfarçar seu indisfarçável constrangimento ao ser barrado na Granja Comary por Parreira e Zagallo. A seleção se preparava para a Copa e eles alegaram que não queriam transmitir nenhum sentimento de derrota aos jogadores. Sobre Barbosa foi jogada a culpa pela vitória uruguaia na final de 1950. Ele conviveu com esse estigma por 50 anos, até morrer em abril de 2000.
E foi durante a Copa de 94 que tive meu definitivo encontro com Diego Armando Maradona. Não me pergunte por que, mas quando o tiraram da competição por doping, que até hoje me deixa encucado, me coloquei ao lado dele. Para mim, são três injustiças – uma do destino e duas dos homens – e é importante sempre recordá-las. Que comece a Copa do Mundo. Porque ela também tem muito a nos ensinar para além do futebol.
Edição: Wallace Oliveira