Há cerca de dois meses, escrevi um texto abordando o racismo no futebol. Citei a falta de treinadores negros e o exemplo a equipe do Palmeiras que, pela primeira vez, tinha um técnico negro.
Na Copa do Mundo da Rússia, algo chamou a atenção. Há apenas um negro treinando uma seleção, Aliou Cissé, de Senegal, embora diversos times tenham a grande maioria de seus jogadores negros. Senegal foi, aliás, a única seleção africana que venceu na primeira rodada da copa, derrotando a Polônia por 2 a 1.
A nossa seleção brasileira, mesmo com toda a constelação de craques negros em toda a sua história, teve apenas dois treinadores: Ernesto de Paulo, que comandou o Brasil em apenas um jogo como interino, e Gentil Cardoso, pernambucano que comandou a equipe por apenas 5 jogos ou 23 dias.
Aliou Cissé é o que possui o pior salário entre todos os 32 que disputam a Copa. Apenas como comparação, Joaquim Low, treinador alemão, é o mais bem pago. A diferença salarial entre os dois chega a 1800%. Outros 27 treinadores do mundial recebem, no mínimo, o dobro de Cissé.
O futebol revela a triste realidade vivida por negros cotidianamente. E veja bem: nem mesmo abordamos os cargos de dirigentes e presidentes de federações. O racismo presente em todos os extratos sociais dificulta a ascensão de negros e negras a postos de comando.
Edição: Wallace Oliveira