Como mulher, jornalista e torcedora, pensei em escrever a opinião de hoje sobre todos os casos de machismo que vêm acontecendo na Copa do Mundo, na Rússia. Assédios de diversos tipos, vindo de homens de vários países. O machismo não tem nacionalidade, está incrustado em diversas culturas e presente em inúmeras facetas.
Mas eu não vou escrever sobre isso, até porque fico muito feliz em perceber que situações constrangedoras não estão mais sendo abafadas ou escondidas. Hoje, na verdade, eu quero falar sobre a paixão e a força que muitas mulheres têm demonstrado ao enfrentar e vencer os obstáculos que aparecem apenas pelo fato de ser mulher.
Primeiro, embora ainda em minoria, é extremamente importante ver mais mulheres jornalistas cobrindo uma Copa do Mundo. Na frente ou atrás das câmeras, olhares e vozes femininas estão cada vez mais presentes, conquistando espaço nas transmissões e coberturas e, principalmente, abrindo caminho para tantas outras que sonham em seguir a mesma trajetória. Esse espaço, aliás, é essencial para viabilizar que casos de machismo, constrangimentos e assédios não passem mais despercebidos.
Na torcida, elas também vêm marcando presença. Em especial, foi inspirador o exemplo das torcedoras iranianas que acompanharam pela primeira vez uma partida da seleção do Irã, no estádio Azari, em Teerã. Proibidas no país de frequentar estádios e ginásios em eventos esportivos desde 1981, elas puderam torcer pelo Irã durante o jogo contra a Espanha, após autorização do governo local. Uma permissão que levou quase 40 anos para acontecer.
Esses são marcos importantes, pois, a despeito da presença do machismo em várias culturas, a luta das mulheres é universal, cada grupo a seu modo e com suas crenças e valores. Seja na Copa ou em qualquer campeonato, o esporte é para todos e o respeito e oportunidades também devem ser.
E sim: vai ter mulher na Copa!
Edição: Wallace Oliveira