Minas Gerais

Ocupação

Usuários de posto de saúde conquistam vitória na Prefeitura de BH

Comunidade protestou contra violência local, falta de estrutura e carência de funcionários

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |
Posto do Bairro Glória, região Noroeste da capital mineira, foi ocupado por população no dia 19 de junho
Posto do Bairro Glória, região Noroeste da capital mineira, foi ocupado por população no dia 19 de junho - Reprodução

Usuários e trabalhadores do Centro de Saúde do Bairro Glória, região Noroeste da capital, conquistaram uma importante vitória. Após um ato realizado no dia (19), a unidade recebeu a visita do Secretário de Saúde na terça-feira (26). Ele se comprometeu com o atendimento às reivindicações do grupo, que protestava contra a falta de segurança, estrutura precária e más condições de trabalho.

Problemas

No dia 19 de junho, a comunidade ocupou o posto de saúde e paralisou as atividades, após uma funcionária ter sido assaltada a mão armada pela manhã. Era o quinto assalto em dois meses no local e outras manifestações contra a violência já tinham acontecido. Usuários e trabalhadores também protestaram contra a falta de profissionais e a não construção de uma nova unidade, o Centro de Saúde Coqueiros.

A ocupação foi decidida em plenária e só terminou após o Secretário Municipal de Saúde, Jackson Machado, se reunir com o grupo, no mesmo dia. “Reivindicamos a construção do Centro de Saúde, que foi uma conquista no Orçamento Participativo de 2008 que não foi cumprida ainda, e a vinda de profissionais, que estão em falta desde fevereiro”, explica Sueli Bernardes de Lima, presidenta do Conselho Local de Saúde e usuária da unidade.

Outras demandas são o fornecimento adequado de insumos e equipamentos de saúde e que a Secretaria Municipal de Saúde atualize a classificação da unidade Glória para o nível D. Cada centro pode ser classificado de A a D, conforme a distância à região central de BH e a vulnerabilidade social da localidade. Desde 2006, a Prefeitura paga um abono aos profissionais, que aumenta conforme a classificação. O objetivo é enfrentar a falta de profissionais em alguns postos e combater a rotatividade.

“Estamos na classificação B, mas com uma população assídua de 28 mil habitantes, que vem todo dia, cobra. E isso com falta de insumos, equipamentos de trabalho, até luvas de procedimentos, gazes! Acaba que o médico, tendo melhores ofertas, sai. Já tem três equipes sem médicos. A gente pede mudança da classificação para segurar os profissionais”, explica a agente comunitária de saúde Maura Valéria Vieira.

Compromissos assumidos

Durante a ocupação, o secretário municipal de saúde, Jackson Machado, se reuniu com representantes do movimento e prometeu participar de uma reunião com a população no Centro de Saúde, que ocorreu na terça-feira (26). O secretário se comprometeu com a reposição dos profissionais que estão em falta (três médicos, quatro auxiliares administrativos e um psicólogo) no menor tempo possível, a transformação do anexo do posto em um novo centro de saúde, como prioridade da pauta de construções da cidade. Ele também prometeu solucionar o problema da segurança no lugar.

“Já estão contratadas 22 duplas de guardas municipais, temos a compra de 44 motocicletas para equipar essas duplas para fazer a vigilância exclusiva dos centros de saúde. A primeira implantação, no período de novembro a fevereiro, no Barreiro, promoveu uma redução de quase 65% no índice de violência”, declarou o secretário.

Para o presidente do Conselho Municipal de Saúde, Bruno Pedralva, a ida do secretário e os encaminhamentos da reunião são uma grande conquista dos usuários e trabalhadores que ocuparam o Centro. “O secretário assumiu o compromisso de construir um novo centro de saúde na região e agilizar a contratação de médicos e agentes de saúde. A ousadia de fechar o centro de saúde acelerou a discussão interna na Prefeitura. Então, a comunidade do Glória deu um exemplo de participação, pressionando e conseguindo avanços”, avalia.

Edição: Joana Tavares