Na última quarta os trabalhadores em educação de Minas retornaram às atividades após 16 dias de greve. Diferente do movimento ocorrido nos meses de março e abril, em que a principal pauta foi o cumprimento dos acordos que o governo estabeleceu com a categoria, desta vez a paralisação foi motivada pelo atraso nos salários dos servidores.
A educação recebeu integralmente a primeira parcela do pagamento de maio apenas no dia 26 de junho, enquanto os demais setores do funcionalismo receberam no dia 13. Destaque para o fato de que os últimos a receber foram os aposentados, que ficaram quase todo o mês de junho sem sua remuneração.
O impasse do atraso e parcelamento dos salários se arrasta desde 2016 sem que qualquer solução seja sinalizada por Pimentel. O governo alega que essa incapacidade se deve à crise de arrecadação originada pelo baixo desempenho econômico de Minas. Não oferece, contudo, qualquer explicação para o tratamento desigual ofertado aos diferentes setores do funcionalismo.
Durante o desenrolar da greve, um debate se instalou entre setores da esquerda mineira. Alguns criticaram os sindicatos e trabalhadores grevistas por entenderem que o movimento enfraqueceria o governador para a campanha eleitoral de outubro. Segundo eles, a greve seria inconsequente por fortalecer o PSDB e seu pré-candidato Anastasia, conhecido algoz do funcionalismo mineiro.
Luta popular, eleitoral e comunicativa
Apesar do senso comum estabelecido afirmar o contrário, a política não se resume às eleições. A população mineira e, sobretudo as trabalhadoras da educação, não querem nem Aécio, nem Anastasia de volta. Mas existem outros âmbitos da política: a luta social, em que diferentes setores da sociedade se mobilizam pela garantia de direitos; e a luta ideológica, de comunicação e construção de valores, em que a batalha de ideias ocorre.
A população que luta por seus direitos se fortalece. Se fortalece também para fazer a luta eleitoral, ao demonstrar nossa força e das nossas reinvindicações. O único sujeito realmente capaz de transformar o país é o povo. A história mostra que somente quando as massas se movem de forma organizada em direção a um projeto comum é que as grandes mudanças acontecem.
Tão importante quanto eleger um governo é fortalecer a organização popular e ampliar a politização da sociedade, tarefas que os governos de esquerda têm se esquecido de cumprir.
Edição: Joana Tavares