“Namorei e morei com homens e mulheres”
Regina Helena é pesquisadora e professora de história na UFMG. Desde os tempos em que ainda era estudante, sempre foi muito decidida e livre. “Eu não sei se eu me descobri LGBT, na verdade uma parte da minha geração experimentava as coisas, a sexualidade, as relações e a vida. E nisso eu namorei e morei com homens e mulheres. Então nunca foi uma descoberta, isso sempre foi uma coisa muito natural”, conta.
Mas para a família de Regina, a questão era, e ainda é, um problema. E no trabalho não foi diferente. Ao longo de sua carreira a professora passou por inúmeras situações em que foi vítima de preconceito.
Dez anos depois da casada, Regina e sua companheira decidiram iniciar um processo de adoção. As duas foram o primeiro casal LGBT do estado a pedir a adoção conjunta, ou seja, em nome das duas mães. Depois de pouco mais de um ano elas conquistaram a guarda definitiva dos filhos.
Regina afirma que durante o processo de adoção ela e sua companheira não sofreram nenhum tipo de preconceito. No entanto, na escola, no trabalho e em outros ambientes a situação não foi bem assim. As mães já foram vítimas de denúncias anônimas caluniosas alegando que elas maltratavam os filhos. Elas também chegaram a ser barradas por uma companhia aérea, que não aceitava o registro de adoção.
Apesar do momento atual de avanço do conservadorismo, Regina defende que pessoas LGBT têm que ter sempre o orgulho, o respeito e a felicidade no horizonte. “Eu acho que a nossa luta nos tempos atuais é ser cada vez mais livre, ter clareza e deixar transparente o que você é, com a maior naturalidade possível para que as pessoas entendam que nós não vamos ser excluídos, não vamos ficar em guetos, não vamos ficar sem direitos, que nós fazemos parte desta sociedade e deste país”, diz.
Edição: Joana Tavares