Domingo, em geral, é um dia de descanso para os brasileiros. Não foi o caso do último dia 8. A partir de uma decisão proferida por Rogério Favreto, Desembargador Plantonista do TRF da 4ª Região, milhares de pessoas em todo o país se mobilizaram na expectativa da liberdade do ex-presidente Lula. No entanto, o pingue-pongue judicial se arrastou durante o dia.
Em resumo, a decisão de soltura de Lula foi suspendida por outros juízes que, estranhamente, deixaram seus dias de descanso – e até mesmo suas férias, no caso de Moro e Gebran Neto – para intervir na decisão de Favreto. Juristas apontam que estas interferências, realizadas apressadamente ao longo do domingo, são inéditas na Justiça brasileira.
O desespero de juízes envolvidos na prisão em não deixar a Polícia Federal soltá-lo demonstrou, de uma vez por todas, o engajamento e a militância em tratar o ex-presidente não como um réu, mas como um adversário político na disputa entre projetos de país.
Faz parte do roteiro do golpe em curso no país manter a maior liderança popular e único candidato com mais de 30% em todas as pesquisas encarcerado. Os setores interessados no desmonte do Estado como indutor de desenvolvimento e redução das desigualdades – com a atuação decisiva e vergonhosa da mídia comercial – acreditam que, mantendo Lula preso, vão conseguir arrefecer o descontentamento com a barbárie e varrer a esquerda do cenário político-eleitoral.
Sem esperanças no Judiciário
A liberdade de Lula não irá brotar das poucas e precárias exceções no Judiciário brasileiro. Este foi, desde cedo, acostumado a ocupar o mesmo lugar da burguesia de rapina e teme tanto quanto ela perder seus privilégios. A liberdade de Lula virá de algo mais imprevisível. Nascerá da construção de força e identidade entre a classe trabalhadora em cada canto onde os efeitos do golpe se fazem sentir. Trata-se de uma construção mais lenta e paciente e, por isso mesmo, mais afinada ao exemplo do próprio Lula.
Essa é a ousadia do MST e da Frente Brasil Popular em marchar novamente pelo território nacional, conversando com a população, ouvindo os problemas do povo, organizando gente para encontrar soluções e, a partir disso, transformar a aprovação de Lula em um forte movimento de mudanças do país.
Os inimigos do povo ainda não entenderam o recado de Lula: não se pode aprisionar nossos sonhos. Em cada lutador do povo, nossos sonhos podem dizer, como o próprio Lula: olha eu aí de novo!
Edição: Joana Tavares