Há quase 30 anos, a pequena Jujuca caiu na água e começou a construir uma das mais brilhantes carreiras da natação brasileira. Dentro e fora das piscinas, a história de força, coragem e persistência inspira conquistas, sonhos e lutas. O mundo a conheceu como Joanna Maranhão. Aos 31 anos, ela encerra sua carreira na natação, após 17 defendendo as cores do Brasil nas piscinas.
Pernambucana, a atleta iniciou sua trajetória no Clube Português do Recife. Como ela mesma afirma, “foi nas águas que encontrou sua essência e plenitude”. Com suas braçadas, colocou Pernambuco na história da natação e coleciona recordes que espera que sejam quebrados por novas atletas. E não são poucos. Em 2004, aos 17 anos, conquistou o 5º lugar nos Jogos Olímpicos de Atenas, na prova dos 400m medley, quebrando um jejum de mais de 65 anos, desde a nadadora Piedade Coutinho. Aliás, Joana e Piedade são até hoje as brasileiras com a melhor posição em uma final olímpica. Joanna também é a nadadora brasileira que mais esteve em Olimpíadas, com quatro participações. São 40 recordes batidos.
Mas o que impressiona mesmo é ela ter alcançado todas essas marcas e vitórias enquanto enfrentava internamente um dos maiores dramas que uma mulher pode sofrer: o abuso sexual. Em 2008, revelou que foi vítima desse crime na infância. O medo e a culpa a aterrorizaram por muito tempo. No entanto, foi uma das primeiras a denunciar isso e ainda enfrentou críticas.
Hoje, além de atleta determinada, é também forte atuante na defesa das mulheres e no desenvolvimento da natação feminina. É uma das vozes que se levantam contra a cultura do estupro e do machismo. Com sua ONG, a Infância Livre, roda o Brasil para dar palestras a jovens sobre abuso sexual e apoiar aqueles que passaram pelo problema.
Pois é, a pequena Jujuca cresceu e se tornou grande como atleta e como mulher. Valeu, Jujuca! Vá em frente e inspire novas Joannas no esporte!
Edição: Wallace Oliveira