Marte é o quarto planeta do Sistema Solar e nosso segundo vizinho mais próximo. Facilmente visível a olho nu como um brilhante pontinho vermelho no céu, o planeta é uma esfera de rocha com aproximadamente metade do diâmetro da Terra. Lá o ano dura 687 dias, e os dias são quase iguais aos nossos, com pouco mais de 24 horas. Sua atmosfera é muito fina, o que facilita a observação de sua superfície, mas a torna bastante hostil, com temperaturas médias de - 63°C.
A exploração direta de Marte se iniciou na década de 1960. Desde então, diversas sondas orbitaram o planeta e algumas já aterrissaram em sua superfície. Atualmente, há duas sondas motorizadas em operação por lá, a Curiosity (desde 2004) e a Opportunity (2011). E são cada dia mais concretos os planos para uma futura expedição tripulada ainda na primeira metade deste século.
O planeta, que no passado já possuiu uma grande porção de água líquida, hoje apresenta apenas uma pequena quantidade dessa substância congelada em seus polos. Pesquisas recentes já sugeriam que em certos momentos quentes do ano, alguma água líquida se formava por lá. Mas, no final de julho, a Agência Espacial Europeia anunciou a descoberta de um legítimo lago marciano de água líquida!
Uma sonda que orbita o planeta utilizou um radar para tirar algo como uma radiografia do planeta. Assim, localizou na região do polo sul o lago subterrâneo abaixo de 1,5 km de gelo. O salgado lago, com cerca de 20 km de diâmetro e temperaturas abaixo de zero pode ser o primeiro de muitos outros a serem descobertos.
Só o fato de sermos capazes de saber tudo isso estando a 55 milhões de quilômetros de distância já é algo digno de orgulho. Porém, a descoberta pode ter um significado ainda maior. Água líquida é um pressuposto para a existência de vida como a conhecemos. Assim, se há água líquida em Marte, pode ser que haja nela algo relacionado aos seres vivos. Talvez substâncias orgânicas, talvez até mesmo organismos muito simples.
A hipótese científica mais aceita para o surgimento da vida é que os primeiros seres terrestres se formaram nos oceanos. Microscópicas estruturas se originaram a partir de reações químicas possíveis no conturbado ambiente primitivo da Terra. Observar ambientes como esse em outros planetas pode nos ajudar a entender melhor sobre a origem da vida.
Portanto, quando os primeiros humanos pisarem em Marte, provavelmente vão querer fazer uma boa análise das águas desse curioso lago marciano!
Um abraço e até a próxima!
*Renan Santos é professor de biologia da rede estadual de Minas Gerais
Edição: Joana Tavares