Metade dos brasileiros sobrevivem com renda inferior a um salário mínimo (menos que R$ 954), segundo dados do Instituto Brasileiro de Economia e Estatística (IBGE). Recente pesquisa do Ibope apontou que, entre os eleitores nessa faixa de renda, 39% veem a saúde como prioridade para o próximo governo, 38% indicam o aumento do salário mínimo e 33% a geração de empregos.
Com Temer (MDB), o número de desempregados passou de 11,4 milhões (maio de 2016) para 12,9 milhões (junho de 2018), de acordo com a Pesquisa Nacional de Amostragem por Domicílio; o poder de compra do salário mínimo recuou ao nível de 2015. Não por acaso, todos os candidatos à Presidência dizem querer melhorar essas áreas. Entretanto, na prática, eles divergem em um ponto fundamental. Enquanto alguns defendem o fortalecimento do setor público, outro bloco tem atuado sistematicamente a favor das privatizações, corte de gastos sociais e redução da cobertura do Estado.
A maioria dos candidatos a presidente, apesar de prometer ampliar direitos, ajudaram Temer (MDB) na votação de medidas que retiram direitos. A primeira grande reforma estruturante após o golpe foi a Emenda Constitucional 95. Ela estabeleceu que, por duas décadas, a contar de 2017, fica proibido ao governo federal aumentar (acima da inflação) o gasto primário (saúde, educação, segurança, transporte, moradia, etc.), mesmo se a economia voltar a crescer. Só a saúde pode perder até R$ 900 bilhões por causa dessa emenda.
Dos atuais presidenciáveis, apenas Lula (PT), Ciro (PDT), Boulos (Psol), Vera (PSTU), Daciolo (Patriotas), João Goulart Filho (PPL) e Marina (Rede) foram e são contra a Emenda 95. Os demais votaram a favor, não são contra a emenda ou seus partidos votaram pela aprovação do teto dos gastos. O atual vice-líder nas pesquisas, deputado Jair Bolsonaro (PSL), votou a favor, assim como o partido do ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).
“Nenhum candidato que aponte o fortalecimento público dessas áreas é coerente, se ele votou a favor da Emenda Constitucional 95. Então, se um candidato não se compromete em revogar essa medida, não foi crítico ou votou a favor, ele está sinalizando para o eleitor que não vai prover esses serviços”, adverte a economista Juliane Furno.
Ela acrescenta que é praticamente impossível gerar empregos, prover serviços públicos de qualidade, ampliar os benefícios e sair da crise econômica cortando gastos na área social.
Saúde, empregos e salários em alguns planos
O plano de governo é uma exigência burocrática, um documento que deve, por lei, ser apresentado no registro da candidatura e que fica disponível no site do Tribunal Superior Eleitoral. O plano contém as diretrizes do que o candidato pretende fazer, caso seja eleito. Não necessariamente essas propostas serão executadas. Confira algumas delas.
Edição: Joana Tavares