Caro amigo, se você acha que as coisas estão muito chatas hoje em dia e que não se pode mais falar nada, recomendo que você não leia esta coluna. O assunto que quero tratar aqui é muito mais sério do que um simples xingamento vindo das arquibancadas.
Acredito que todos aqueles que acompanharam a rodada de final de semana do Brasileirão devem ter visto parte da torcida do Atlético-MG cantando que um certo candidato à presidência do Brasil iria “matar os viados” durante o clássico contra o Cruzeiro. Ao mesmo tempo, algumas torcidas ainda insistem no grito de “bicha” quando o goleiro do time adversário vai cobrar o tiro de meta. E isso sem mencionar outros tipos de manifestação.
E não me venham com o papo de que “isso faz parte do futebol”!
O Atlético-MG soltou uma nota oficial no dia seguinte na qual afirma que tais atitudes não fazem parte da sua história. E não fazem mesmo. Como esquecer do atacante Reinaldo, um dos melhores do Brasil nos anos 1970 e 1980? Os mais novos podem acessar o YouTube e ver como ele comemorava seus (inúmeros) gols. Reinaldo levantava o punho direito num gesto que lembrava o dos militantes do movimento dos Panteras Negras nos Estados Unidos. Nem preciso dizer que o jogador teve problemas com representantes do regime militar que faziam parte da antiga Confederação Brasileira de Desportos.
Homofobia não faz parte do esporte. De nenhum deles. Nem da história de nenhum clube. Não me venham com esse papo de que isso “faz parte da zoação do futebol” e que “estão querendo acabar com as brincadeiras dos torcedores”. Uma coisa é a zoação sadia. Outra é a humilhação de quem simplesmente é diferente de você. Precisamos de empatia e de educação. E não de xingamentos.
Edição: Wallace Oliveira