De uns tempos para cá, a palavra democracia no Brasil foi deixada em desuso por uma série de fatores. Ao desvendarmos e refletirmos coletivamente os motivos para isso, vamos entender que a democracia é parte das conquistas da classe trabalhadora.
De 1988 aos dias de hoje, foi na mobilização política da sociedade civil organizada que conquistamos um sistema público de proteção social no país. As políticas sociais, em especial, retiraram milhões de famílias da linha da pobreza extrema e trouxe de forma conjunta um maior acesso às políticas de educação, saúde e poder de consumo. Do celular ao turismo criou-se oportunidades para boa parte da população brasileira transitar pelo território nacional, ter novas vivências ou simplesmente rever a família.
Porém, paralelo ao aumento da qualidade de vida, o avanço do neoliberalismo e do conservadorismo trouxeram na disputa do imaginário social a intolerância, a individualização das conquistas em uma análise pelas lentes da meritocracia.
Exemplo são os ataques contra o Programa de Aceleração do Crescimento PAC, cujo alvo central foi desarticular o desenvolvimento do país e a tentativa de garanti-lo com equilíbrio e equidade entre as regiões brasileiras.
De um lado, o desenvolvimento do Nordeste sendo promovido em suas particularidades, do outro, o preconceito com a população nordestina e o discurso de ódio, racismo e criminalização da pobreza e dos pobres.
Sem dúvidas, o desafio do Brasil na sua segunda década do século XXI é resgatar a democracia. A participação política se dá por meio de uma garantia constitucional. Na carta magna, descreve-se que todo poder emana do povo, ao exercer pela participação social direta e também na escolha de suas e seus representantes.
E no período eleitoral é importante reafirmar que os representantes do povo são, se não, o próprio povo. Suas propostas e projetos devem estar alinhados com o que Paulo Freire nos ensina, na cabeça que pensa onde os pés pisam. Por mais que os oligopólios e empresários da comunicação tentem nos confundir, entre nomes estranhos e projetos que geram promessas vazias e a exaltação do senso comum.
Quem é povo tem que entender sua representação parlamentar e governamental como a extensão das necessidades e sonhos. Os programas de governo devem pensar a democracia e o poder popular. As candidaturas, a história de lutas destas/es representantes deve estar alicerçada nas causas coletivas e nas lutas sociais. Devem estar comprometidas com um país democrático. A democracia é a única forma de entender um país por inteiro, de norte a sul em sua diversidade.
*Leonardo Koury Martins é professor, assistente social e militante da Frente Brasil Popular
Edição: Joana Tavares